Luiz Armando e Wesley Fabiano haviam sido presos em flagrante há uma semana, em Manacapuru, mas foram liberados após a audiência de custódia. Agora, se entregaram após a Justiça do Amazonas decretar a prisão preventiva.

Weslley Fabiano Lourenço, 38, e Luiz Armando dos Santos, 40, que tentaram comprar um bebê por R$ 500 no município de Manacapuru (a 68 quilômetros a oeste de Manaus) foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba (SP) na noite desta quinta-feira (17). O casal é natural de Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo.
Luiz Armando dos Santos, de 40 anos, e Wesley Fabiano Lourenço, de 38, haviam sido detidos em flagrante na cidade amazonense no dia 11 de julho, mas foram liberados após audiência de custódia.
O casal compareceu a Delegacia de Ilhabela por volta das 17h30. À polícia, os dois confirmaram que sabiam que existia um mandado de prisão contra eles.
Após a prisão, o casal foi transferido para o CDP de Caraguá. Os dois devem passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (18).
O advogado de defesa informou que o casal se apresentou espontaneamente à polícia com a intenção de colaborar com a Justiça e demonstrar, ao longo do processo, que é inocente.
A Justiça do Amazonas decretou a prisão preventiva do casal na terça-feira (15), após recurso do Ministério Público. Segundo a Polícia Civil de Ilhabela, eles se apresentaram voluntariamente após a nova ordem de prisão.
De acordo com as investigações da Delegacia de Manacapuru, o casal saiu de Ilhabela rumo ao Amazonas e estava hospedado em um hotel da cidade desde junho, aguardando o nascimento do bebê.
A negociação para a entrega do recém-nascido teria sido feita com o empresário local José Uberlane Pinheiro de Magalhães, de 47 anos, conhecido como “Sabão”, que está preso e é apontado como o intermediador da venda.
A mãe do bebê, de 31 anos, também foi indiciada. De acordo com a delegada Joyce Coelho, ela não tinha condições de cuidar da criança e teria negociado a entrega para quitar uma dívida com um agiota.
O recém-nascido recebeu alta no domingo (13) e foi acolhido por uma instituição de proteção à infância, sob acompanhamento do Conselho Tutelar.
O caso
A investigação revelou que Wesley chegou a acompanhar o parto e tentou registrar o bebê como seu filho, apresentando a Declaração de Nascido Vivo (DNV) no cartório, mas não conseguiu concluir o registro devido a falhas no sistema. No momento da prisão, o casal estava com o enxoval da criança, um carrinho de bebê e um carro alugado.
Além dos três investigados, a Polícia Civil apura se o caso integra uma rede de adoções ilegais entre Amazonas e São Paulo.
Há indícios de que outras pessoas estejam envolvidas, incluindo uma mulher natural de Manacapuru que vive em São Paulo e, segundo a polícia, atua na captação de interessados em adoções clandestinas.
A Corregedoria-Geral de Justiça foi acionada pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Jomar Fernandes, para apurar as circunstâncias da soltura inicial do casal, que gerou questionamentos.