Mulher que comprou bebê diz que também foi vítima do casal preso; polícia investiga participação de mais quatro envolvidos

Equipes da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) prenderam, nesta sexta-feira (23), o casal Janderson Nogueira Pontes de 34 anos e Jessica Queirós Conceição de 24 anos. Eles venderam uma criança venezuelana de 11 meses por R$ 1, 5 mil, no bairro da Compensa, em Manaus.
Conforme a delegada Joyce Coelho, a mãe da vítima vive nas ruas da capital amazonense e os autores se aproveitaram da situação para vender a criança, que estava com pneumonia.
A mulher que comprou o bebê em Manaus, mora em Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus – 80 km por estrada. Ela também é investigada.
De acordo com a delegada, a mãe da bebê denunciou o crime no último dia 15 deste mês. Ela é moradora de rua, no Centro de Manaus, com três filhos.
Ela disse para a delegada que num momento de desespero entregou a criança, que estava doente, ao casal que prometeu ajudá-la.
“Como a criança estava muito doente, com pneumonia, ela relata que começou a chorar no meio da rua e foi abordada pelo casal, que prometeu ajuda. Eles levaram ela para uma casa, que seria de familiares deles, e prometeram levar a criança para atendimento médico”, contou a delegada.
Após dias no local, a mãe não obteve mais notícias da filha. Ela também não tinha acesso ao telefone nem poderia sair da casa.
De acordo com a polícia, um dia, a venezuelana conseguiu contato com um vizinho, que a levou para a delegacia.
Após cinco dias de investigação, a equipe localizou a criança. A suposta compradora devolveu a bebê para a mãe e afirmou que também era uma vítima do casal.
“Eles disseram que a mãe queria doar a criança, mas que pedia R$ 1,5 mil para comprar uma passagem de volta para a Venezuela. A responsabilidade dessa mulher a gente também está investigando, bem como de outros envolvidos” , informou a delegada.
Envolvidos no caso
A delegada informou que a Depca investiga o envolvimento de quatro pessoas no caso: o casal que tirou a bebê da mãe, a compradora e uma suposta negociante, que teria intermediado a compra e fornecido os documentos da criança.
“Uma quarta pessoa teria entregue pastas com todos os documentos da criança para a mulher que fez a transferência.
Tudo isso caracteriza o tráfico interno de pessoas para fim adoção ilegal, porque a pessoa que comprou relata que sabia que estava fazendo algo errado, mas que iria regularizar a adoção da criança”, revelou a delegada.
A Polícia Civil também investiga se o homem teria vendido outras crianças no Amazonas.
Segundo Joyce, o casal já possui antecedentes criminais. Ele tem passagem na polícia por roubo, furto, tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e usa tornozeleira eletrônica.
A mulher tem duas passagens por tráfico de drogas. A delegada informou que a criança está internada, na companhia da mãe, e tratando o quadro de pneumonia.