Ela não estava marcada para morrer e foi escolhida aleatoriamente pelo assassino que confessou ter matado depois de ver a vítima na varanda mexendo no celular, que ele queria roubar para trocar por drogas
Caio Claudino de Souza, de 25 anos, assassino confesso da diretora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-AM), Silvanilde Ferreira Veiga, 58, disse ontem na polícia que escolheu a vitima aleatoriamente para pegar o celular e trocar por droga e que depois do assassinato, pegou um Uber e jogou o aparelho nas proximidades do Carrefour da Ponta Negra.
Caio Souza é funcionário de outro condomínio e foi chamado para reforçar a segurança no Gran Vista no dia do crime, porque teria um evento no local. Ele chegou para trabalhar às 14h.
Vídeo mostra suspeito de matar servidora do TRT saindo do condomínio com marcas de sangue na camisa.
Caso Silvanilde: funcionário de condomínio é preso suspeito de matar servidora do TRT em Manaus
Segundo a delegada da Delegacia de Homicídios e Sequestro (DHS), Marília Campello, que colheu o depoimento, ele entrou no apartamento exatamente às 17h52 alegando para Silvanilde que precisava verificar o quadro de luz.
Ele revelou que antes de chegar até Silvanilde, bateu em outros apartamentos, onde não haviam moradores. Como viu ela mexendo no celular na varanda de casa, resolveu subir para pegar o equipamento. Ele bateu na porta e quando entrou exigiu o celular e transferências via Pix.
Depois de matar Silvanilde, Caio foi flagrado pelas câmeras pilotando a motocicleta da segurança dentro do condomínio, lavando as mãos, trocando a camisa do uniforme manchada de sangue na manga esquerda – roupa está em poder da polícia.
Ele largou o serviço por volta das 18h, andou até o posto de gasolina e pegou um carro de aplicativo e no caminho jogou o celular de Silvanilde pela janela próximo ao Carrefour da Ponta Negra.
Mensagem de “SOS”
Sobre a mensagem de “SOS” que a filha de Silvanilde recebeu no celular por volta das 22h, a delegada explicou que a pessoa que encontrou o celular pode ter se confundido ao passar a mensagem.
“Quando você tenta desligar o Iphone, tem uma seta que é o SOS emergência e outra seta pra desligar. A pessoa pode ter apertado errado ali. Acionado sem querer ali”, esclareceu ela.
Ele nega ter cometido qualquer tipo de lesão física com as mãos na vítima, tendo desferido apenas um golpe. Contudo, os laudos periciais mostram que ela estava muito machucada. A polícia afirma que o assassino bateu em diversos apartamentos, mas os moradores não estavam presentes.
Filha e genro
Até o momento, a polícia concluiu que não há indícios que a filha ou o genro de Silvanilde tenham envolvimento na morte da servidora. A polícia afirma que nada foi premeditado e trata-se de um latrocínio de oportunidade.
“Não houve comparsa, ele agiu sozinho. A arma do crime foi uma faca pequena que ele andava com ela para segurança própria”, disse a delegada.
Segundo a advogada Tallita Lindoso, a filha de Silvanilde, Stephanie Veiga, de 27 anos, se encontra neste momento em estado de choque. Além disso, também enfatizou a importância de a sociedade repensar as ações de julgamento e da falta de empatia.
Só uma pessoa que perdeu o pai recentemente, que perdeu a mãe, que mora sozinho no estado, e todos os seus parentes estão longe, e não tem o apoio de ninguém a não ser de poucos amigos pode entender o que é estar completamente sozinho e ter toda a mídia, toda a sociedade, todas as pessoas acusando o dedo e fazendo especulações sobre a sua dor”, enfatizou.
O outro advogado da filha da vítima, Cândido Honório, defendeu que espera o julgamento do suspeito de assassinato da servidora. Também disse que é muito cedo para falar na possibilidade de um processo contra o condomínio.