
A defesa do agente de portaria Caio Claudino de Souza, de 25 anos, pediu a apreensão e o acesso aos celulares de Stephanie Veiga de Miranda e do namorado dela, Igor Gabriel Melo e Silva, no âmbito do processo que investiga a morte da servidora do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) Silvanilde Ferreira Veiga, ocorrida em maio deste ano.
Stephanie é filha de Silvanilde.
O advogado Sérgio Samarone quer aprofundar a informação apontada pela polícia de que Stephanie recebeu um aviso de emergência enviado pelo celular de Silvanilde às 22h06 no dia do assassinato.
Conforme Samarone, o “aviso de SOS” pode demonstrar onde estava o celular da servidora do TRT e a localização da filha dela no momento em que o alerta foi enviado.
A defesa de Caio tem interesse em saber a localização dos celulares porque o MP-AM (Ministério Público do Amazonas) acusa o agente de portaria de ter roubado o celular de Silvanilde “mediante emprego de violência, com resultado morte” (latrocínio).
A acusação, no entanto, é baseada unicamente em declarações de Caio quando ele foi preso temporariamente.
De acordo com o promotor de justiça Francisco Campos, no depoimento à polícia, Caio afirmou que “subtraiu o aparelho celular da vítima e deixou o apartamento”, depois pediu um carro de aplicativo, “embarcou no veículo e nas proximidades do supermercado Carrefour – Ponta Negra jogou o celular da vítima pela janela”. O aparelho nunca foi encontrado.
Para o promotor, a mensagem de SOS que Stephanie recebeu é “compatível com mensagem enviada quando se tenta desligar o aparelho celular”, por isso, a polícia suspeita que alguém tenha enviado o alerta ao tentar desligar o aparelho, pois os comandos são parecidos. Conforme as investigações, o aviso de SOS foi enviado sem a localização do aparelho.
Nesta terça-feira, Samarone apresentou uma declaração por escrito em que Caio afirma que não é verdadeiro o que foi atribuído a ele na delegacia, pois ele foi “coagido” a assinar o documento.
“O acusado, quando perguntado por esta defesa, em parlatório, declara e retifica que não falou absolutamente nada do que está descrito em seu interrogatório”, disse Samarone.
Latrocínio
“A res furtiva (o produto do roubo) é o celular, nunca apareceu”, disse o advogado.
O advogado critica, ainda, a falta de perícia na farda suja de sangue de Caio. “E o pior: a camisa que foi achada do Caio que tem o sangue no cotovelo dele não foi periciada.
A camisa não foi periciada para saber se o sangue do cotovelo dele era da Silvanilde. Tem um monte de coisa errada [na investigação]”, disse Samarone.
A defesa de Caio pediu a realização de contra-prova do exame de confronto genético de DNA elaborado pelo Instituto de Criminalística, que apontou para a existência de material genético de Caio em facas sujas de sangue encontradas no apartamento da servidora.
Conforme o advogado, o exame deverá ser submetido a uma clínica particular.
Samarone apresentou uma lista com o CPF e número de celulares de pessoas que ele tem interesse em saber onde estavam no dia do assassinato.
Ele quer que a justiça solicite relatórios de operadoras de telefonia, incluindo ligações efetuadas, ligações recebidas, data, horário e duração das chamadas e localização dessas pessoas.