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Censo: Brasil tem 1,7 milhão de indígenas; Amazonas sozinho soma mais de 490 mil

Dados divulgados pelo Censo 2022 apontam que o Brasil conta atualmente com 1.693.535 pessoas indígenas, o equivalente a 0,83% da população total.

O levantamento revela um dado significativo: dois estados concentram quase metade dessa população, Amazonas e Bahia.

O Amazonas lidera com ampla margem, abrigando 490.854 indígenas, o que representa 28,9% do total nacional.

Em seguida aparece a Bahia, com 229.103 indígenas, equivalentes a 13,5% da população indígena brasileira. Juntos, os dois estados somam mais de 42% do total de pessoas que se identificam como indígenas no Brasil.

A atualização desses dados corrige distorções históricas: no Censo de 2010, a população indígena registrada era de apenas 896 mil pessoas.

O número quase dobrou em 2022, não por crescimento populacional expressivo, mas principalmente por mudanças no método de coleta do IBGE e maior autorreconhecimento da identidade indígena.

Presença indígena em quase todo o território nacional

Segundo o levantamento, 4.832 dos 5.568 municípios brasileiros (ou 86,8%) têm ao menos um morador indígena.

Isso revela uma presença muito mais capilarizada do que se costuma imaginar, derrubando o mito de que a população indígena está restrita a regiões de floresta ou aldeias remotas.

Em muitos desses municípios, a presença indígena se dá em áreas urbanas, bairros periféricos ou territórios não regularizados.

O dado mais alarmante do relatório é que 63% da população indígena brasileira vive fora das terras oficialmente demarcadas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Esse cenário acende um alerta para políticas públicas: grande parte da população indígena está à margem da proteção fundiária legal, o que impacta diretamente o acesso a direitos básicos como educação bilíngue, saúde específica e preservação cultural.

Destaques por estados

Além de Amazonas e Bahia, outros estados também se destacam em números absolutos:

  • Mato Grosso do Sul: 116.346 indígenas
  • Roraima: 80.974
  • Pará: 58.231
  • Ceará: 55.297
  • Pernambuco: 56.333
  • Maranhão: 57.214

A diversidade também está presente em estados de menor proporção indígena, como São Paulo (35.500), Rio de Janeiro (36.699) e até no Distrito Federal (11.334), indicando que a identidade indígena resiste mesmo em grandes centros urbanos.

Direito à identidade e políticas de reconhecimento

Desde a Constituição de 1988, o Brasil reconhece os povos indígenas como detentores de direitos originários sobre seus territórios.

No entanto, os dados do Censo 2022 expõem o abismo entre a legislação e a prática cotidiana.

A ausência de políticas públicas específicas para indígenas que vivem fora das terras demarcadas dificulta o acesso à saúde indígena diferenciada, à educação com respeito à cultura e ao fortalecimento das línguas originárias.

O relatório também reforça a urgência de atualizar os cadastros da Funai, concluir processos de demarcação e ampliar a presença do Estado em territórios indígenas urbanos e rurais.

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