Do dia 1 ao dia 9, foram 7.304 focos no Cerrado, contra 6.200 na Amazônia, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Enquanto a Amazônia ocupa os noticiários nacional e internacional em meio a polêmicas pelo aumento no número de queimadas, o Cerrado brasileiro pega fogo sem despertar o mesmo interesse e distante dos olhos da grande mídia. A região registrou mais focos de incêndio do que a Amazônia no início de setembro. Do inicio do mês até a última segunda-feira (9), foram 7.304 focos contra 6.200 na Amazônia, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou um alerta de “Grande perigo” ontem, terça-feira (10), com risco para mais de 20 cidades do Mato Grosso. Segundo o alerta, a temperatura ficar pelo menos 5ºC acima da média nos próximos cinco dias na região.
Segundo reportagem do G1, especialistas dizem que a causa dos focos de incêndio é humana, e que o calor e tempo seco estão ajudando o fogo a se espalhar. Os cientistas explicam que o Cerrado têm árvores resistentes ao fogo, mas não quando os incêndios acontecem em proporção tão grande.
De acordo com o Programa Queimadas do INPE, o Cerrado registrou 44% mais focos de incêndios de 1º de janeiro a 10 de setembro do que o observado no mesmo período em 2018.
Moradores da região alertam para o perigo a que estão passando e se queixam e se queixam da falta de atenção. “A mídia não fala muito do fogo no Cerrado, mas ele está acabando pelo fogo. E o fogo pega nos territórios tradicionais”, diz Lidiane Taverny Sales, moradora da comunidade Retireiros dda o Araguaia (MT).
“Eu saio da beira do Rio Araguaia, passo por 1,2 mil km para chegar até aqui de ônibus e venho observando o quanto o cerrado, a nossa casa, está sendo destruído”, alerta Lidiane que é representante do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.
Ela viajou para Brasília onde participa do 9º Encontro e Feira dos Povos Cerrados nesta quarta-feira (11), em Brasília (DF). Com o tema “Pelo Cerrado Vivo: diversidades, territórios e democracia”, o evento ocorre no espaço do Funarte e vai até o próximo sábado (14).