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Cinco chapas disputam eleições da Ufam nesta segunda-feira

Estudantes, professores e técnicos-administrativos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) escolhem na próxima segunda-feira quem querem que seja o novo reitor ou reitora da instituição para os próximos quatro anos. Cinco chapas disputam a eleição que já é considerada uma das mais concorridas dos últimos anos.

A consulta à comunidade acontecerá das 8h às 20h, por meio de uma plataforma on-line que permite somente um voto individual.

O resultado é esperado em até uma hora após o fim da votação. Segundo a Associação dos Docentes da Ufam (Adua), 37.088 docentes, técnicos-administrativos e alunos matriculados poderão votar. O número também inclui servidores aposentados.

Os candidatos à reitoria são, por ordem alfabética: Adriana Malheiro e Plínio Monteiro (chapa 04); Allan Rodrigues e Victor Lamarão (chapa 23); Marcos Freitas e Armando Júnior (chapa 25); Tanara Lauschner e Geone Maia (chapa 57); e Therezinha Fraxe e Sérgio Freire (chapa 35).

Fraxe e Sérgio Freire (chapa 35). Se nenhuma das chapas alcançar mais da metade dos votos do pleito neste primeiro momento, haverá segundo turno com as duas duplas mais votadas. O novo dia de consulta à comunidade está marcado para 14 de abril. A decisão final sobre quem será a nova reitora ou reitor é do presidente da República, conforme a Constituição Federal. No entanto, é comum que o nome mais votado pela comunidade seja considerado.

CAMPANHA

A existência de cinco chapas — ao contrário do mais comum, três — foi algo que marcou este pleito. Outro ponto que agora está vencido, mas ainda gerou debates no início da campanha, é o fato de a eleição acontecer por um sistema on-line, não por urna eletrônica, como defendia a maioria dos candidatos. A decisão partiu da comissão de consulta à comunidade, formada em dezembro pelo atual reitor, Sylvio Puga.

Cada uma das duplas que concorre ao cargo máximo na reitoria representa diferentes grupos políticos de professores e técnicos da Ufam. Dentre os principais assuntos abordados nesta eleição, estavam problemas crônicos da universidade: falta de infraestrutura adequada, limitações orçamentárias e a ausência de maior descentralização da gestão, com um olhar especial para as unidades do interior do estado.

A maior parte da campanha das chapas foi composta por visitas a unidades da Ufam em Manaus e no interior, com apresentação de propostas e compromissos firmados junto a discentes, docentes e técnicos- -administrativos. Um ponto alto foi o debate ocorrido no dia 21 de março, na Ufam em Manaus, quando as duplas se enfrentaram em discussões acaloradas sobre problemas da universidade. O auditório Eulálio Chaves lotou de apoiadores das chapas.

Fim da bonificação

O novo reitor ou reitora da Ufam precisará lidar com um desafio recentemente imposto. ´É o fim da bonificação de 20% para estudantes amazonenses no Sistema Seletivo Unificado (Sisu), que utiliza notas do Enem para ofertar vagas em universidades. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que a política era inconstitucional.

Todos os candidatos concordam que os estudantes do Amazonas enfrentam desigualdades regionais em comparação a alunos do sudeste, por exemplo, e propõem debates que devem ser feitos pela nova reitoria. As ideias variam desde fortalecer processos locais, como o PSC (para alunos do ensino médio), aumentando as vagas, até retirar cursos com alta demanda no Sisu, como medicina, e realizar vestibulares únicos.

Interior cobra descentralização da gestão 

Uma cobrança histórica de membros da comunidade da Ufam no interior do Amazonas é a maior descentralização da gestão. A universidade possui campi em cinco municípios: Itacoatiara, Parintins, Benjamin Constant,Coari e Humaitá. Já há autorização federal e recurso para ser construída a sexta unidade, em São Gabriel da Cachoeira.

A professora Adriana Malheiro propõe um modelo de gestão administrativa e financeira descentralizada. Parte da ideia é criar subprefeituras que consigam ter um olhar mais direcionado para problemas específicos de campi no interior. Outro plano é instituir canais de escuta para receber demandas.

Projeto similar é pensado pelo professor Allan Rodrigues, que propõe garantir autonomia administrativa, financeira e acadêmica para as unidades do interior. Ele também almeja ter maior presença de docentes e técnicos do interior em cargos de gestão, como nas pró-reitorias, e criação de uma pró-reitoria de interiorização.

Unidades carecem de melhorias

Outro problema histórico da universidade é a falta de infraestrutura adequada nos campi de Manaus e do interior. Na avaliação dos candidatos, parte disso se deve ao fato de a instituição ser centenária e ter crescido muito ao longo das últimas décadas. É como entende o professor Sérgio Freire, que defende o soterramento da rede elétrica para reduzir as quedas de energia ocasionadas pela queda de árvores.

Além desse projeto, presente em outras chapas, há candidatos que também defendem a instalação de subestações de energia dentro do campi em Manaus, para conferir maior segurança energética. Essa é a defesa do professor Marcos Freitas, por exemplo. 

A candidata Tanara Lauschner ressalta que uma parte considerável de ter uma boa infraestrutura é solucionar problemas de falta de gestão. Para ela, é importante revisar contratos de manutenção e cobrar a finalização de obras paradas ou em ritmo lento em Manaus e no interior.

Orçamento de R$ 960 milhões 

Após assumir o cargo, o novo reitor ou reitora da Ufam precisará lidar com um orçamento de pouco mais de R$ 960 milhões. Embora seja um valor expressivo, mais de 80% do montante é limitado à folha de pagamento, um gasto obrigatório. O restante é para contratos de manutenção e um percentual de cerca de 1% é, de fato, para investimentos.

Consultados pela reportagem, todos os candidatos defenderam a busca por recursos extra orçamentários para colocar em prática seus projetos de mudança para a universidade. Para conhecer todas as propostas de cada um, acesse os canais oficiais das chapas, indicados ao fim desta reportagem.

Um exemplo de projetos é o plano de gestão da professora Adriana Malheiro, que pretende instituir um Conselho Gestor da Ufam para discutir a distribuição dos recursos orçamentários, identificar e acessar fontes de financiamento. A proposta inclui consultas públicas regulares para planejamento e execução orçamentária. 

Além deste tipo de política, presente em outras chapas, é muito presente a proposta de buscar recursos junto a emendas parlamentares. É o caso do professor Allan Rodrigues, que pretende aumentar o alcance do almoço gratuito para estudantes que estão em vulnerabilidade social. Ele calcula que essa política custaria cerca de R$ 800 mil por ano, valor que poderia ser garantido com emendas.

Outro projeto que aparece nas chapas é a maior integração da Ufam com o Polo Industrial de Manaus, considerando as verbas disponíveis para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). O recurso pode ser obtido por meio da Lei de Informática a partir de empresas beneficiadas com isenção fiscal, que devem investir em projetos locais. A proposta é citada, por exemplo, no plano do professor Marcos Freitas.

Há também preocupação nas duplas com os atuais custos da universidade, como em contratos que podem não ser tão efetivos. A professora Tanara Lauschner propõe fortalecer as atividades de auditoria da Ufam para garantir maior eficiência na fiscalização dos processos administrativos, financeiros e contratuais. A ideia é também garantir equidade na distribuição dos recursos entre os campi de Manaus e do interior.

O professor Sérgio Freire, vice na chapa da professora Therezinha Fraxe, falou à reportagem sobre outra preocupação da futura reitoria. É a importância de reduzir a evasão escolar, por exemplo, por meio da ampliação da assistência estudantil. Isso porque, o orçamento das universidades está associado à ‘taxa de sucesso’ — o resultado do número de alunos que entram na instituição e os que se formam, efetivamente.

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