Na tradicional live de quinta-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro citou a criação da Zona Franca de Manaus (ZFM) – em 1967 pelo general Emílio Garrastazu Médici – para enaltecer os feitos dos governos militares e gerou polêmica.
“A Embrapa, que nasceu no governo Médici. Pessoal fala tanto de militar, critica o tempo todo a ditadura. Começou lá com o Médici a Embrapa, se eu não me engano. A Ponte Rio-Niterói foi com o Médici também. Zona Franca de Manaus. Imagine Manaus sem a Zona Franca”, disse Bolsonaro.
“Senador Aziz, você que fala tanto na CPI. Senador Eduardo Braga. Imagine o estado ou Manaus sem a Zona Franca de Manaus”, disse o presidente, que não tem poder para acabar com a ZFM – criada com base no decreto-lei 288 de 28 de fevereiro de 1967.
A declaração foi interpretada como uma ameaça pelos senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), que mais cedo haviam inquirido o general Eduardo Pazuello na CPI da Covid e acreditam numa retaliação por parte do presidente.
Eles entenderam que pode ser uma anúncio de represálias que podem vir pela frente, já que ela não é vista com bons olhos pela equipe econômica do governo dvido a insenção fiscal.
Aziz entendeu como uma ameaça. “Ameaçar a mim e ao Braga, ele pode fazer. Agora em relação a ZFM”, reagiu o senador.
“É uma ameaça velada. Mas, se ele faz essa ameaça velada é porque está incomodado com a CPI da Covid”, afirmou Aziz.
O vice-lidera da Câmara Federal Marcelo Ramos (PL) também interpretou da mesma forma. Ele acredita que Bolsonaro ficou incomodado com a postura dos senadores do Amazonas. “Lançou a ameaça porque está apavorado com o resultado da investigação”.
“Muito estranho para alguém que diz defender a Zona Franca, direito constitucional dos Amazonenses que cuidam da maior floresta em pé do mundo”, rebateu Eduardo Braga.
Saiba mais
Os militares atiram num alvo e acertaram em outro quando criaram a ZFM. O objetivo era ocupar uma região imensa e despovoada, cobiçada e precisando de desenvolvimento após o fim do ciclo econômico da borracha.
Acabou que o modelo econômico hoje se transformou em um parque industrial sem chaminés, com mais de 600 empresas instaladas, mais de 100 mil empregos gerados e responsável por mais de 80% da economia do Amazonas com um pólo de duas rodas, informática e televisores.
Mais ainda ainda, longe do que imaginavam os militares nos anos 60, virou um modelo sustentável que concentrou em Manaus as atividades produtivas e manteve mais de 80% da floresta nativa do estado preservada.