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Com 40% da exportação de grãos do agro pelo Norte, Suframa busca interligação Manaus-Peru

A nova rota beneficiará as exportações de produtos do agronegócio brasileiro, especialmente os produtores de grãos do Centro-Oeste e Roraima, que poderão escoar suas produções por Manaus

O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, participou de uma reunião na Embaixada do Peru no Brasil, em Brasília nesta terça-feira (21), a convite do embaixador do Peru no Brasil, Rómulo Acurio.

O objetivo do encontro foi discutir possibilidades de interligação logística e comercial entre o Peru e a Amazônia, que deverão ser intensificadas a partir da inauguração do porto de Chancay, no litoral peruano, prevista para novembro.

Durante a reunião, ficou definido que ainda neste semestre haverá um encontro na Suframa com os dirigentes do porto de Chancay, a Autarquia e representantes do Polo Industrial de Manaus (PIM). O objetivo é aprofundar as discussões sobre as novas rotas comerciais que beneficiarão ambos os países.

A cidade de Chancay, próxima à capital peruana, Lima, será um ponto estratégico para cargas que viajarão via multimodal até Iquitos, na fronteira com o Brasil. De Iquitos, as mercadorias seguirão pela rodovia Transoceânica, também conhecida no Brasil como rodovia do Pacífico, que integra as BR 364 (Limeira-SP – Rio Branco-AC) e BR 317 (Rio Branco-AC – Cobija, fronteira com o Peru). Dessa confluência, as cargas podem alcançar Porto Velho e, posteriormente, Manaus.

Atualmente, uma carga enviada da China para Manaus leva até 46 dias para chegar, percorrendo o oceano Pacífico, cruzando o canal do Panamá, navegando pelo oceano Atlântico e entrando no Brasil pela hidrovia do rio Amazonas. A nova rota, via Chancay, promete reduzir significativamente esse tempo.

Além disso, a nova via logística beneficiará as exportações de produtos do agronegócio brasileiro, especialmente os produtores de grãos do Centro-Oeste e Roraima, que poderão escoar suas produções por Manaus.

Além disso, a previsão é de fortalecimento do comércio intrarregional sul-americano, com a facilitação de intercâmbio de mercadorias entre o Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Guiana, Bolívia, entre outros. “Ou seja, todo mundo vai sair ganhando com Chancay porque vai facilitar a interlocução comercial entre os países sul-americanos”, observa o superintendente-adjunto Executivo da Suframa, Luiz Frederico Aguiar.

Entrada

Na avaliação do superintendente da Suframa, uma alternativa para facilitar a rota multimodal Chancay-Manaus e a integração com os países do Pacífico americano e asiático, é o alfandegamento pleno do Porto de Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus), por ser uma porta de entrada natural na hidrovia do Rio Amazonas, situada na tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia, localização estratégica para o fluxo comercial e transbordo de mercadorias.

Com o alfandegamento, afirma Saraiva, a região Amazônica poderá se beneficiar significativamente, rompendo o isolamento das calhas do Alto Solimões e dos rios Juruá e Japurá, além de contribuir para a geração de emprego e renda e melhorar a logística das mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus.

“O início do funcionamento do Porto de Chancay no Peru, com a sua inauguração prevista para novembro deste ano, inaugura também a possibilidade de uma nova rota que vai baratear muito os custos e as operações de carga e descarga no Porto de Manaus e na Amazônia. Ao reduzir o tempo total de trânsito das cargas, vai aumentar a competitividade da Zona Franca de Manaus”, explicou Saraiva.

Ganho


Também participaram da reunião o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Rodrigo Rollemberg, o deputado federal Sidney Leite, a diretora executiva da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Vanessa Grazziotin, e o coordenador-geral de Patrimônio Genético do MDIC, Rafael de Sá Marques.

“Essa discussão de uma outra rota para que pudéssemos aproximar o Atlântico do Pacífico é um ganho não só para a Amazônia, mas para o Brasil como um todo. Lembrando que hoje, 40% do escoamento de grãos do Brasil é realizado pelo agro no norte.

Com essa alternativa, nós poderíamos ter um ganho, aliado à reforma tributária, para a Zona Franca de Manaus, para com os países vizinhos e, principalmente, por ser uma nova rota para a Ásia para o escoamento do agronegócio”, destacou Sidney Leite.

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