Para as gestantes que contraíram a doença, infelizmente ainda não há tratamento para reduzir as chances do bebê nascer com a malformação.

Dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, podem apresentar riscos para mulheres grávidas e os bebês.
Uma colaboração nacional, formada por pesquisadores da Fiocruz e de outras 25 instituições do Brasil agrupados no Consórcio Brasileiro de Coortes relacionadas ao vírus zika (ZBC Consortium), com apoio da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), avaliou os impactos na saúde dos bebês da infecção de gestantes por zika.
O projeto em Manaus ocorreu a partir de uma parceria entre a Fiocruz e a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), instituição de referência para doenças infecciosas e parasitárias no estado do Amazonas que sedia dois laboratórios da Fiocruz Amazônia.
Publicado no The Lancet Regional Health – Americas , o estudo revelou que aproximadamente um terço dos filhos de mães infectadas durante a gravidez apresentaram, nos primeiros anos de vida, anormalidades consistentes com a Síndrome da Zika Congênita (SZC).
O zika é uma doença causada por um vírus transmitido por mosquitos Aedes, incluindo o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, o mesmo quetransmite a dengue e a chikungunya.
Inclusive os sintomas da zika são semelhantes aos dessas outras enfermidades transmitidas pelo aedes, sendo eles manchas vermelhas pelo corpo, coceira, febre e conjuntivite, dor de cabeça, dor muscular, inchaço e dor nas articulações e aparecimento de gânglios.
A doença pode levar até 12 dias para se manifestar após a picada. Os sintomas costumam ir embora sozinhos depois de 2 a 7 dias.
A zika em si não é uma doença grave, porém ela pode evoluir para quadros piores, entre elas a síndrome neurológica chamada Guillain-Barré. Conforme a síndrome progride, a fraqueza muscular pode evoluir para paralisia, podendo haver grande dificuldade em caminhar ou subir escadas.
Porém, a situação mais perigosa da zika é em gestantes. O vírus é capaz de atingir a placenta, o líquido amniótico e o bebê, causando malformações neurológicas como a microcefalia (o bebê nascer com a cabeça menor que o padrão).
O conjunto de problemas que um bebê exposto à zika no útero pode ter é chamado de síndrome congênita da zika.
As malformações da síndrome congênita da zika incluem microcefalia, alterações cerebrais como calcificações e ventriculomegalia, e possíveis alterações nos olhos, na audição e no sistema musculoesquelético. Também existe a suspeita de risco de aborto.
É importante ressaltar que nem toda grávida que temzika terá um bebê com malformação. Os bebês que nascem com malformações evidentes são minoria. Porém, mesmo bebês nascidos sem microcefalia precisam de acompanhamento especial nos primeiros anos de vida para avaliar outros problemas que não sejam tão evidentes.
Portanto, uma gestante que esteja com coceira e manchas avermelhadas pelo corpo deve procurar atendimento médico o mais rápido possível. Somente um profissional de saúde pode distinguir se é zika ou outra doença.
O exame para detectar a zika é mais exato quando feito na primeira semana que os sintomas apareceram. O diagnóstico pode ser confirmado por exames de sangue ou de urina, de preferência ainda durante a presença dos sintomas.
Uma vez confirmada a zika, a gravidez e o desenvolvimento do bebê devem ser acompanhados com cuidado extra pelos médicos.
Não se sabe ainda em que fase da gravidez a zika é mais perigosa para o bebê. Mas os três primeiros meses são sempre o período mais crítico para malformações, porque os órgãos estão se constituindo. Contudo, pode haver consequências em todas as fases da gestação.
O tratamento da zika é feito com medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina). Em certas situações, o médico pode receitar ainda analgésicos e medidas para aliviar a coceira. E o mais importante: não tome nenhum remédio sem orientação médica.
A principal forma de prevenção da zika é o combate aos focos do mosquito transmissor, em especial nos períodos de calor e de chuvas. Infelizmente, a zika se propaga ainda mais rápido que a dengue, porque o mosquito espalha o vírus com mais facilidade. Por isso, a cautela deve ser máxima por parte das grávidas.
Como prevenir dengue, zika e chikungunya
Segundo o médico infectologista, a primeira coisa a se fazer é evitar o vetor, ou seja, o mosquito responsável pela transmissão, que é o Aedes aegypti. “Como podemos fazer isso? Combatendo o mosquito dentro de casa e no ambiente ao redor da casa, como no quintal, etc”, explica.
Ele voa até 200 m de distância, então o mosquito que vai te causar a doença é o que está ali no seu ambiente.
- Não deixe água limpa se acumular em sua casa ou quintal. Isso inclui vasos de plantas, móveis e enfeites em áreas externas. Fique de olho em poças d’água que se formam após a chuva;
- Use roupas claras e, de preferência, mangas e calças longas;
- Use preservativos nas relações sexuais e evite contato com o sêmen e outros fluidos genitais;
- Em todo o caso, se puder, procure não ter contato muito próximo com pessoas doentes. E é sempre bom, em qualquer situação, manter bons hábitos de higiene: lavar as mãos com frequência, não compartilhar talheres e copos com outras pessoas;
- Passe repelente contra insetos, inclusive na roupa, para tentar aumentar a proteção. Reaplique a cada seis horas ou de acordo com as instruções da embalagem;
- Outra arma são os inseticidas elétricos ou em spray para a casa. Prefira que outra pessoa aplique, e deixe a substância se dispersar bem antes de ficar no mesmo ambiente;
- O uso de telas nas janelas e ar condicionado também ajuda a combater a presença do mosquito.“O mosquito põe ovos que demoram de 7 a 10 dias para amadurecer, então se uma vez por semana você fizer a limpeza em casa e ao redor dela, já é o suficiente para evitar que o mosquito se prolifere perto de você”, recomenda Fernando Chagas.
O infectologista chama atenção para as calhas das telhas. “Muitas vezes as folhas bloqueiam a água de escorrer pelas calhas. Então tire as folhas e o que tiver obstruindo as calhas”, explica.
Outra dica é olhar atrás da geladeira, “às vezes fica água quando o gelo derrete. Lembre de tirar as tampas de garrafa, copos descartáveis e quaisquer objetos que possam permanecer com água parada por um tempo, basta trocar a cada uma semana”, explica.
Gestantes devem ter atenção em dobro
Uma grande preocupação de grávidas, especialmente no começo da gestação, é contrair o zika vírus. Nesses casos, o médico especialista recomenda a utilização do repelente. “Principalmente a base de icaridina, uma substância boa contra o mosquito”, diz Fernando Chagas.
“O ideal é usar o repelente no início da manhã e no final da tarde, que são os momentos onde a fêmea (já que é a fêmea que pica) sai para procurar sangue.
Outra sugestão é colocar telas nas portas e janelas. Sempre no início da manhã e no final da tarde, quando a temperatura cai, você deve fechar as janelas e portas”, alerta Fernando Chagas.