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Pirataria: com metade dos produtos vendidos falsificados, Parintins aposta em Inteligência Artificial para proteger bumbás

Prestes a completar 59 edições em 2026, o Festival de Parintins — um dos maiores espetáculos de cultura popular do Brasil— enfrenta na pirataria um dos principais entraves à sustentabilidade financeira dos bois Caprichoso e Garantido.

Durante o evento, mais da metade dos produtos comercializados são falsificados, o que compromete a experiência de compra, prejudica a economia criativa e afeta diretamente artesãos, produtores e vendedores locais. Produtos falsos confundem o público e enfraquecem a confiança nos canais oficiais.

Para enfrentar o problema, a Maná Produções, responsável pelas parcerias e pela gestão de patrocínios do festival, firmou parceria com a empresa Original.

A plataforma utiliza inteligência artificial para monitorar, em tempo integral, a autenticidade dos produtos licenciados. Com o uso de QR Code e validação digital, o sistema permite comprovar que o item é oficial e pertence à marca do Festival de Parintins.

Segundo a empresa, o painel de administração do OOriginal reúne dados sobre autenticações, identificação de falsificações, mapas de distribuição geográfica e relatórios automatizados que estimam percentuais de perdas e fraudes.

A ferramenta busca reforçar a confiança entre empresas e consumidores, destacando as diferenças entre produtos originais e falsificados.

Reduzindo a pirataria

Dados da consultoria McKinsey indicam que o uso de soluções tecnológicas para detectar fraudes pode reduzir perdas em até 50%.

O impacto financeiro global é expressivo: na América Latina, as fraudes corporativas somam cerca de US$ 230 bilhões por ano; nos Estados Unidos, o prejuízo anual ultrapassa US$ 12 bilhões.

No Brasil, o Mapa da Fraude Clearsale 2025 aponta que a geração Alfa registra o maior tíquete médio das tentativas de golpe (R$ 2.061,00), enquanto a geração Z é a mais afetada — com destaque para o setor de celulares, considerado o de maior risco por seu valor agregado e revenda fácil.

“O trabalho do OOriginal representa uma virada no combate à pirataria do festival. Proteger o Festival de Parintins e as marcas dos bois é uma questão de sobrevivência cultural e econômica. A tecnologia garante que o público viva a experiência autêntica de Parintins”, afirma Marcos Botelho, CEO do OOriginal.

De acordo com André Guimarães, diretor executivo da Maná Produções, a apropriação indevida de imagem, marca e conceitos dos bois vem ocorrendo em diversas regiões do país.

“A pirataria é inimiga da arte, da cultura e da decência. É crime, e os consumidores precisam entender que, ao comprar produtos piratas, estão colaborando para o enfraquecimento da nossa cultura. Estamos ampliando canais de denúncia e fortalecendo medidas jurídicas para combater esse problema”, declara.

Bumbás têm prejuízos

Para o Boi Garantido, os impactos são diretos. “A pirataria atinge imagem, receita e valorização da marca, além de reduzir empregos formais na cidade. Quando empresas não autorizadas vendem produtos com nossa identidade, perdemos o controle de qualidade e a padronização visual. Combater a comercialização irregular é proteger o patrimônio cultural do povo vermelho”, afirma Fram Canto, 1º secretário do Boi Garantido e responsável pela loja oficial Garantido Shopping.

Tarcísio Coimbra, responsável comercial da loja oficial do Boi Caprichoso, A Vitrine Azul, reforça que os prejuízos se estendem à comunidade.

“A venda de produtos não autorizados enfraquece nossa identidade e compromete a arrecadação que mantém projetos sociais e culturais. Cada item oficial representa um gesto de apoio ao Caprichoso e ao trabalho de centenas de artistas e artesãos”, diz.

Segundo o Anuário da Falsificação 2025, da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), as perdas causadas por falsificação, contrabando e sonegação fiscal somaram R$ 471 bilhões em 2024, alta de 27% em relação ao ano anterior.

Estudos da PwC, Bain, Forrest e Econsultancy mostram ainda que 72% dos brasileiros mudam de marca após uma experiência negativa, como a compra de um produto falso.

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