O carregamento terrestre equivale a 20 aviões Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira, que tem a capacidade para transportar 5 mil metros cúbicos do gás por viagem

Um comboio com quatro caminhões tanques carregados de oxigênio estão a caminho de Manaus pela BR-319 (Porto Velho-Manaus). A viagem está prevista para durar 36 horas e o carregamento deverá chegar até sexta-feira (22) na capital amazonense, que sofre com o desabastecimento do produto nos hospitais da rede pública e particular.
Os caminhões são escoltados pela Polícia Rodoviária Federal e contam com o apoio do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), que acompanha o comboio com duas retroescavadeiras para superar os atoleiros que formam grandes crateras na parte de terra da rodovia – o chamado trecho do meio entre Humaitá (AM) até o Careiro Castanho (AM).
Nove equipes do Denit já trabalham na manutenção da estrada, que nesta época do ano tem as suas condições de tráfego pioradadas devidos as fortes chuvas na região. Tratores e homens vão trabalhar para viabilizar a passagem dos veículos reforçando o piso com pedras.
O trajeto é de pouco mais de 838 km, 400 deles de terra batida no Amazonas, que ficam praticamente intransitáveis no inverno chuvoso. Atualmente esse trecho é feito com dificuldades por ônibus comercial, caminhões de carga e carros de passeio.
A logística para levar 100 mil m³ de oxigênio de Porto Velho a Manaus pela BR-319 foi a única forma encontrada para economizar em cerca de 75% o tempo de viagem, pois se os caminhões fossem de balsa pelo Rio Madeira, a viagem iria durar seis dias.
Os quatro caminhões vão transportar o que 20 cargueiros Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) seriam necessários para levar de oxigênio. Manaus precisa do produto urgente porque o seu parque industrial não tem mais capacidade de produzir e atender o atual consumo que aumentou mais de cinco vezes com o recorde provocado pelas internações de pacientes infectados com o coronavírus.
Capital da Amazônia com 2,3 milhões de habitantes, a metrópole da região Norte sobre com a falta da pavimentação da BR-319, única ligação terrestre com o sul do país e que nesse momento deixa ainda mais exposta a suas limitações de logística.
Apoio logístico
O superintendente do DNIT em Rondônia, André Lima, disse que cerca de 220 trabalhadores fazem a manutenção da rodovia. “No comboio temos duas máquinas acompanhando os caminhões. A pista está trafegável, mesmo se houver chuva. Mas se não houve chuva esses dias e nem atoleiro, os caminhões podem chegar na capital do Amazonas em até em 24h”, garante.
O diretor do Denit Antonio dos Santos Filho, disse que o órgão tem se movimentado para manter a estrada trafegável. “Tivemos no ano passado um manutenção mais efetiva. E agora virou a rota mais rápida do que pelo rio que leva de cinco a seis dias”.
Segundo ele, o trecho do meio – o Charles – terão o reforço dos tratores que estão no comboio. “Ao longo do trecho, equipes estão posicionadas com pedras para os atoleiros.”
Filho afirmou que a BR-319 está mostrando agora que tem importância logística e sua pavimentação se tornou uma questão humanitária. “É uma prioridade do Denit. O Ministério da Infraestrutura e o governo trabalham intenssamente a respeito desse projeto. Estamos trabalhando para a pavimentação ainda para este ano. O Lote Charles está sendo resolvido com o Ibama a questão ambiental”, informou em entrevista para a Rede Amazônica hoje (20).
