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Começa a mais preocupante vazante do rio Amazonas; várias estações hidrológicas apresentam descida

Boletim do Serviço Geológico do Brasil aponta vazante em várias estações hidrológicas de rios da Amazônia Ocidental.

Estável há sete dias, o rio Amazonas registrou neste domingo o seu primeiro movimento de descida do ano. Os dados são do 24º Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgado neste fim de semana.

A seca foi de menos dois centímetros. A anotação é feita no Porto de Itacoatiara (AM). Neste ponto, o Amazonas é afetado pelas águas dos rios Solimões e Madeira, que já estão em fase de seca.

O último movimento de cheia do rio Amazonas foi de 12,35m. Essa anotação foi a do dia 9 de junho. Hoje, marca 12,33m.

Não é regra, mas, geralmente, ocorre o fenômeno de repiquete. Esse fenômeno é quando as águas baixam e sobem por poucos dias. Na sequência, o rio segue a seca.

O Boletim diz que o rio Negro apresentou certa estabilidade no processo de subida em São Gabriel da Cachoeira, já nas estações de Tapuruquara (Novao Airão) e Barcelos, apntou elevações, mas com menor intensidade na última semana.

O Negro na estação do Porto em Manaus registrou subidas regulares na ordem de 2 centímetros (cm) ao dia e com níveis no intervalo da normalidade para a época.

Considerando os registros mais recentes, segundo o Boletim do SGB, o Solimões entrou em recessão em Tabatinga, que aponta descidas médias diárias na ordem de 15 cm.

Em Itacoatiara, de acordo com a medição da empresa Praticagem dos Rios Ocidentais da Amazônia (Proa), do dia (15) para o dia (16), foi registrada uma vazante de 2 cm.

Acompanhando esta tendência de vazante, a estação de Fonte Boa (AM), no rio Solimões, já apresenta pequenas descidas diárias de 2 cm. Em Itapéua (Coari) e Manacapuru, o Solimões continuava subindo, com menor intensidade, apontando níveis abaixo da faixa da normalidade para o período.

Na Bacia do rio Purus, o rio Acre, em Rio Branco, manteve o processo de descida, de 30 cen’timetros ao longo da semana e aponta níveis baixos para a época e próximo ao intervalo das mínimas já registradas.

Em Beruri (AM) o rio Purus continuava subindo, mas com tendência a estabilidade no processo de enchente.

Na semana, o Rio Madeira continuava em recessão, com descidas acentuadas em Porto Velho e Humaitá (AM), onde os níveis são considerados baixos para o momento.

Na semana passada, ainda de acordo com o Boletim do SGB, o rio Amazonas apontaav estabilidade no processo de subidas nas estações monitoradas, sendo que em Parintins os níveis estavam abaixo da faixa da normalidade e, em Itacoatiara, próximo do intervalo das mínimas registradas neste período.

Solimões despenca

A rápida descida do nível do Rio Solimões está causando grande preocupação entre os moradores de Tabatinga.

Em apenas 24 horas, o nível do rio desceu 29 centímetros. Nos últimos sete dias o rio baixou de 9,38 metros para 8,14 metros, uma queda de 1,24 metros.

Tabatinga,Nível do Solimões

Essa descida acelerada já está impactando negativamente a rotina local. A situação é agravada pela queda no nível do rio Iquitos, que influencia o Solimões, tendo baixado 1,45 metros na última semana.

Tabatinga,Nível do Solimões

A redução no nível do Solimões afeta diretamente os transportes fluviais, essenciais para a região.

“Parte da população utiliza as linhas de lancha de Tabatinga a Benjamin Constant. Os catraieiros têm relatado que se continuar nesse nível de seca, no máximo no final do mês, para chegar a Benjamin Constant já terão que fazer a volta do rio, aumentando o preço da passagem e, consequentemente, os barcos já não vão mais para Benjamin. Vai ser um caos”, relata o morador.

Além dos problemas de transporte, a vazante do rio está revelando problemas ambientais. Na orla de Tabatinga, uma ossada humana foi encontrada nesta sexta-feira (14), além do lixo que está acumulado nas margens tornando a área insalubre.

Atualmente, uma empresa contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) está realizando estudos de impacto ambiental para uma futura dragagem do rio.

No ano passado, uma audiência pública realizada por vereadores do Alto Solimões, a dragagem foi reivindicada para minimizar os impactos da estiagem na região.

Preocupação

Mas, este ano, a vazante dos rios da região será acompanhada de grande preocupação. Essa preocupação se dá, primeiramente, nos segmentos econômicos que usam os rios como meio de transporte de passageiros e cargas.

Nesse caso, pode-se falar não apenas da economia do Amazonas, mas, também, do centro-oeste. Soja, milho e algodão passam pelos rios amazônicos.

Outro fato que acentuou a preocupação, este ano, foi cheia, pequena. Pior: cheia pequena, após a maior seca da história dos rios do estado.

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