Presidente de uma das cinco maiores empresas do setor no Brasil prevê desabastecimento em curto prazo caso a curva de contágio não ceda
O presidente da Indústria Brasileira de Gases (IBG), Newton de Oliveira, prevê que o Brasil irá reviver a crise de Manaus (AM), onde pacientes com Covid-19 morreram asfixiados após faltar oxigênio no estado no início deste ano, caso a pandemia do novo coronavírus se agrave no país.
“Se a demanda continuar crescendo nas proporções que vem crescendo, vai faltar produto [oxigênio hospitalar] ou vão faltar equipamentos para entregar produtos [como cilindros] em todo o país. Esse é meu prognóstico. Não estou querendo assustar ninguém, é a situação real”, avaliou Newton, em entrevista ao Metrópoles, nessa segunda-feira (8).
O presidente da IBG faz a ressalva de que, caso medidas restritivas funcionem e a vacinação no país seja acelerada, fazendo a curva ceder, o cenário dramático poderá ser evitado.
Fundada em 1992, a IBG é a única empresa 100% brasileira do setor de gases do ar. Com 17 filiais em 10 estados do país, a companhia divide o mercado com grandes multinacionais do setor, como as norte-americanas White Martins e Air Products, a francesa Air Liquide e a alemã Messer.
A correlação com Manaus feita por Newton acompanha registros até então inéditos. Com o aumento de casos de Covid-19 e a conseguinte alta na taxa de hospitalizações, a capital do Amazonas entrou em colapso e sofreu com a escassez de oxigênio nos primeiros meses deste ano.
Segundo ele, o consumo de oxigênio na saúde cresceu mais de 20% entre junho do ano passado e fevereiro deste ano. “Esse incremento conseguiu absorver o que tínhamos de capacidade de fábricas instaladas. Estamos atendendo os nossos clientes, mas começa a ter uma preocupação se isso aumentar”, disse.
Concorrentes – O Metrópoles também procurou as fornecedoras de gás White Martins, Air Liquide e Messer para se posicionarem e esclarecerem sobre a capacidade de operação do setor com o agravamento da pandemia do novo coronavírus.
Em nota, a Messer Gases Brasil informou que tem acompanhado “com atenção” os dados referentes à evolução do consumo de gases em decorrência do cenário de pandemia enfrentado, e reforçou o compromisso de garantir a regularidade no fornecimento dos produtos com segurança.