Várias companhias aéreas, entre elas Air France, Lufthansa e KLM, cancelaram por tempo indeterminado seus voos para os espaços aéreos iraniano e iraquiano. A medida foi tomada algumas horas após ataques do Irã às bases de Aïn al-Assad e Erbil, no Iraque, usadas por soldados americanos.
“Por medida de precaução e diante do anúncio de ataques aéreos em curso, a Air France decidiu suspender, até nova ordem, qualquer voo sobre os espaços iraniano e iraquiano”, disse um porta-voz da empresa, procurado pela agência de notícias AFP.
“Os planos de voos são ajustados em tempo real em função das decisões das autoridades francesas e regionais, no mundo todo, com o objetivo de garantir o mais alto nível de segurança dos voos”, explica a companhia.
A empresa holandesa KLM, que faz parte do mesmo grupo, aplicou o mesmo princípio de precaução. “Todos os voos para os diferentes destinos do Sudeste Asiático e para o Oriente Médio serão operados em rotas alternativas”, afirmou um porta-voz da companhia.
No mesmo sentido, a companhia alemã Lufthansa justificou a suspensão, “até nova ordem”, de seus voos para Irã e Iraque. De acordo com a empresa, contornar as zonas aéreas iraniana e iraquiana terá “um impacto sobre a duração” de outros voos.
Desde a véspera, a Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) proibiu aviões civis americanos de sobrevoarem o Irã e a região do Golfo, citando “atividades militares intensificadas e tensões políticas crescentes no Oriente Médio que apresentam um risco inadvertido a operações da aviação civil dos EUA”.
A proibição de voos veio pouco depois de um Boeing 737 da Ukraine International Airlines cair e pegar fogo pouco depois de decolar de Teerã, matando toda as 176 pessoas a bordo.
Operadoras de fora dos EUA não estão sujeitas à proibição imposta pela FAA, mas estas e outras agências reguladoras analisam o alerta norte-americanos cuidadosamente ao decidirem para onde voar. A Agência da União Europeia para a Segurança na Aviação (Easa) está estudando a situação, disse sua porta-voz.
A companhia aérea nacional polonesa LOT também decidiu recorrer a novas rotas para evitar sobrevoar o Irã no caso de seus voos para Índia, Singapura, Sri Lanka e Tailândia em particular.
Empresas de fora da Europa
No Oriente Médio, a Emirates e a companhia de baixo custo flydubai cancelaram seus voos com destino a Bagdá, mas esta última manterá seus voos para Basra e Najaf, no sul do Iraque.
Várias companhias da região já haviam suspendido seus voos para o Iraque, depois da morte do general Soleimani. Entre elas, a Bahrein Airways e a Kuwait Airways.
Na véspera, a EgyptAir suspendeu, por três dias, seus voos para Bagdá.
Na Ásia, a Singapore Airlines desviou os voos que normalmente passam pelo Irã, enquanto a Malaysia Airlines adotou essa medida para seus voos entre Londres, Jidá e Medina, de modo a evitar o espaço aéreo iraniano.
A Vietnam Airlines anunciou que seus voos com partida e chegada à Europa evitarão “potenciais zonas de instabilidade” no Oriente Médio, ainda que as rotas habituais destes voos não passem pelo espaço aéreo iraniano, ou iraquiano.
A companhia australiana Qantas decidiu que seus aviões que conectam Perth a Londres vão sobrevoar a Ásia, em vez do Oriente Médio. Isso deve ocasionar atrasos em torno de 40 minutos no trajeto.
Até as 5h30, as linhas aéreas ainda voando sobre um dos dois países incluíam Qatar Airways, Emirates, Etihad Airways, Turkish Airlines, Flydubai, Air Arabia e a empresa de baixo custo Norwegian Air , de acordo com dados da FlightRadar24.