Em 2022, foram notificados 152 conflitos de terra no Amazonas, contra 69 em 2021, o que significa um aumento de mais de 120%.
Esse é um dos dados revelados no Caderno Conflitos do Campo 2022, que será lançado nesta terça-feira (25) pela Comissão Pastoral da Terra – Regional Amazonas (CPT/AM), junto com a Pastoral da Terra Arquidiocesana em Manaus. Na ocasião, também será lançada a Campanha Contra a Violência no Campo.
O Amazonas ficou em 2º lugar na região Norte, atrás apenas do Pará, e é o 4o no país em número de conflitos. Ao todo, 29.653 famílias foram atingidas por estes conflitos.
Os dados são do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), da CPT, responsável pela elaboração do caderno há 40 anos.
A região Norte ocupa o primeiro lugar em conflitos no país (4.855), o que representa quase 40% de todos os conflitos do país registrados no período (12.975).
Nos casos de violência contra a ocupação e a posse, o Amazonas lidera os registros de ameaças de despejo em todo o país (13.361), roças e bens destruídos (1.564 e 1.588) e invasões (20.151), além do alto índice de ocorrências de pistolagem (6.551).
Os conflitos são entendidos como ações de resistência e enfrentamento pela posse, uso e propriedade da terra e pelo acesso aos recursos naturais pelo extrativismo, como os seringais, babaçuais ou castanhais, ou quando envolvem posseiros, assentados, quilombolas, indígenas, pequenos arrendatários, sem terra, seringueiros etc.
Nos conflitos por água, o Amazonas está em segundo lugar na região Norte e em terceiro no país, com 25 conflitos, contra 7 no ano anterior.
No caso das violências contra a pessoa no campo, mesmo registrando um total de 4 pessoas mortas em 2022, o Amazonas lidera o ranking nacional de tentativas de assassinatos (38) e pessoas ameaçadas de morte (24).
A região do município de Atalaia do Norte, no extremo-oeste do estado, foi uma das mais conflituosas e violentas, com destaque para o entorno da Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do Brasil.
Esta localidade ficou marcada em 2022 pelos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.