Lula tem sentido o peso contrário do Congresso nesses primeiro semestre do ano. O impacto das derrotas no Parlamento, apesar do investimento – distribuição de R$1,7 bilhões para políticos – e das articulações com liberação e preenchimento de cargos, levou o presidente a se mexer para tentar reverter esse cenário negativo.
Mesmo aumentando para 37 os ministérios, criando comissões, comitês, conselhos e grupos de trabalho para acomodar e atrair novos aliados, a vida de Lula não tem sido fácil.
O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, tem funcionado como um primeiro ministro e possui um grupo que vota no que ele pedir e virou alvo de Lula. Nesta segunda-feira (5), os dois tomaram café no Palácio do Planalto, e Lula já afirmou que o que “ele (Lira) pedir, vamos avaliar”.
Hoje a base da esquerda, liderada pelo PT, controla cerca de 130 das 513 cadeiras da Câmara. No Senado, os partidos à esquerda detêm 16 vagas do total de 81. Em ambas as Casas, o governo fechou alianças ao centro e à direita, mas os apoios variam conforme o tema, o que torna a situação instável.
A preocupação externada por Lula também era compartilhada pelo PT, que conseguiu aumentar o número de postos na Câmara (de 56 para 69). O então candidato chegou a brincar com a possibilidade de a esquerda um dia eleger a maioria dos deputados, mas disse achar “difícil acontecer”.
Embora fizesse a ressalva de que é preciso conversar com quem foi eleito, independentemente de orientação ideológica, o petista cobrava empenho pela eleição daqueles que tivessem “compromisso histórico com o povo brasileiro” e fossem contribuir com seu projeto.
Mas nos dias atuais ele conseguiu desagradar os ambientalistas e o próprio partido com o Marco Temporal e o Calabouço Fiscal, dois fiascos no Congresso.