
A estação de chuvas em Manaus neste ano, entre janeiro e maio, gera alerta sobre o surgimento de crateras nas ruas da capital.
Os buracos resultam do rompimento de tubulações antigas que não suportam o volume de água durante os temporais.
No mês de dezembro de 2022 foram pelo menos dez ocorrências, segundo a Prefeitura de Manaus. Houve problemas de crateras em cinco bairros: Raiz, Alvorada, Cidade Nova, Nova República e Dom Pedro. A maior parte das ocorrências foi na Cidade Nova: cinco.
A de maior proporção foi a cratera na Avenida Atlântica, no bairro Raiz, que engoliu dois veículos no dia 1º de dezembro. Na mesma rua, outro buraco levou a calçada e o portão de uma casa.

Neste ano, no dia 3 de janeiro, a Seminf (Secretaria Municipal de Infraestrutura ) reparou emergencialmente uma erosão no bairro Adrianópolis, zona centro-sul.
A antiga tubulação estava danificada, com parte dos tubos quebrados, e por se tratar de uma rede muito antiga não comportava o volume de água no local. O duto rompeu e abriu uma cratera na rua.

No último dia 5, equipes trabalharam na recuperação de uma rede de drenagem profunda na Avenida Airão, no bairro Cachoeirinha.
A antiga rede estava danificada com parte da tubulação quebrada e não comportava o volume de água que passava pelo local. Uma cratera se abriu na lateral da rua provocada pelo rompimento da tubulação.

Tabajara Júnior, diretor de engenharia da Seminf, afirma que os problemas não são causados apenas por tubulações antigas.
As construções irregulares também contribuem para os desgates. “Muitas vezes, a falta de manutenções se dá por conta da falta de acesso às redes, pois as construções estão por cima da rede da prefeitura”, diz.
Na Avenida Atlântica, a secretaria constatou que a tubulação instalada era da década de 1980, mas além da idade, a área tem construções irregulares na beira no igarapé e a água da chuva não teve a vazão correta.
De acordo com Tabajara Júnior, nos últimos anos, a pasta tem feito levantamentos para identificar as tubulações em todas as zonas da capital.
“Através desse mapeamento, são identificados os bairros com o equipamento defasado precisando de manutenção ou trocas”, afirma.
O engenheiro civil Robson Ferreira, coordenador de Obras Públicas do CREA-AM (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), afirma que é necessária uma cultura de manutenção nas redes, algo que hoje inexiste em Manaus.
“Veja que aqui em Manaus existem pontos que dão sinais de que vão colaspsar, exemplo de afundamento do pavimento asfáltico, aparecimento de buracos na via, etc. Porém, o poder público atua apenas quando o problema ocorre”, pontuou.
Robson Ferreira recomenda a inspeção constante e que seja usado, por exemplo, robôs que entram nas redes e dão a visualização de como está a situação da tubulação. “Enfim, soluções técnicas existem, falta apenas vontade política para resolver”, disse.
De acordo com o engenheiro, o principal problema identificado é o acúmulo de lixo e resíduos nessas redes de água pluviais.