
Em jogo decisivo na Série C do Brasileirão, domingo (1º), contra o Paysandu em Belém, o Amazonas FC entrará em campo motivado por duas vitórias seguidas após duas derrotas iniciais no quadrangular final da terceira divisão.
O técnico Luizinho Vieira atribui o desempenho ao controle emocional dos jogadores para suportar a pressão. “Desde minha chegada procurei trabalhar isso. A resposta do grupo foi muito boa”, disse o treinador.
Matheus Vasconcelos, psicólogo com atuação especializada no desporto e que acompanha o futebol amazonense, afirma que “é possível perceber que houve uma influência psicológica na mudança de desempenho da equipe, embora não seja possível atribuir isso exclusivamente à substituição do treinador”.
“Para muitos destes atletas, um acesso significa mudanças importantes em sua vida e carreira. O estresse se torna maior, assim como a pressão dentro do clube e até mesmo as expectativas familiares. Um trabalho de preparação psicológica a longo prazo visa auxiliar atletas a construírem um ambiente de maior segurança psicológica para encarar esse momento de desafios”, diz Matheus Vasconcelos.
Alguns fatores influenciam no momento decisivo de uma competição, que devem estar sob atenção do clube. “Variáveis como sono, descanso, estresse das viagens, ansiedade, raiva, medo, frustração, níveis de confiança, concentração, ‘fator casa’ e união da equipe se tornam cruciais em fases decisivas”, cita Matheus Vasconcelos.
Formado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e membro do Comitê de Atualização Profissional da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, Matheus Vasconcelos diz que o equilíbrio psicológico é um fator importante na disputa pelo acesso.
“É importante lembrarmos que uma fase onde se disputa o acesso para a série B do Campeonato Brasileiro, aspectos emocionais e motivacionais têm um papel significativo que se unem às dimensões táticas, entrosamento entre atletas, apoio do torcedor, nível de pressão interna na instituição e estilo de liderança predominante na equipe”, diz o especialista.
O técnico Luizinho Vieira disse estar atento a esses detalhes. “Esse é o momento mais importante, de definir uma situação, que é o acesso. É muito importante a questão da estratégia de jogo, a leitura do adversário, para poder fazer um bom encaixe da partida. Tem que estar atento aos esses pequenos detalhes que são imporantes. Mas, o que mais conta na verdade é o fator motivacional, a parte emocional, de entrar no jogo equilibrado”, disse o treinador.
Com o mesmo grupo de jogadores, mas com uma ‘virada de chave’, Luizinho Vieira mostra confiança com relação ao acesso do Amazonas, com valorização do aspecto psicológico e emocional.
“Eu estou muito contente com o que agente fez até agora, mas esse é o momento mais importante, momento de decidir, e o grupo está muito maduro, muito consciente de como chegou e principalmente de onde pode chegar”, avalia o treinador.
Matheus Vasconcelos afirma que o empenho dos jogadores na adversidade também foi fator que contribuiu para a recuperação do Amazonas na classificação do quadrangular semifinal e para manutenção da chance de acesso.
“Podemos dizer que nos últimos jogos, os diversos fatores combinaram a favor do Amazonas, mas que nem sempre isto é uma regra quando se trata de mudanças no comando técnico de equipes de futebol. O que vale ressaltar é que os atletas do Amazonas, apesar das derrotas no início desta fase, jamais “jogaram a toalha” em busca do acesso à Série B”.
“Em momentos decisivos, como a disputa por uma vaga na Série B, o apoio, acompanhamento e trabalho psicológico são de extrema importância, mas devem acompanhar a equipe ao longo de toda temporada”, acrescenta Matheus.
O Amazonas conquistou uma das oito vagas para os quadrangulares semifinais da Série C na 17ª rodada, com dois jogos de antecedência, graças a um bom desempenho nas primeira dez rodadas.
No período, foi líder da fase classificatória em diversas rodadas, mas caiu de produção a partir da 11ª rodada, quando perdeu em casa para o Paysandu por 2 a 1, no Estádio Carlos Zamith. Na partida seguinte, sofreu a pior derrota na competição, ao ser goleado por 5 a 1 pelo Volta Redonda, no Estádio Raulino de Oliveira.
Sob desconfiança do torcedor, em razão da queda de desempenho, sofreu derrotas nos dois jogos iniciais do quadrangular semifinal, para Botafogo (PB) fora de casa e Paysandu (PA) em Manaus. Duas vitórias contra o Volta Redonda, após a mudança de treinador, devolveram o otimismo e a esperança ao elenco e à torcida.