
A Boeing acaba de comunicar que encerrou o acordo com a Embraer para compra da operação de aviação comercial da empresa brasileira – um negócio de 5,2 bilhões de dólares. O prazo para que o acordo fosse selado terminou ontem. Na prática, o que estava acordado era a compra dos principais negócios da Embraer pela Boeing, com a manutenção de uma fatia minoritária do negócio resultante pela empresa brasileira. Sem o negócio, a Embraer “volta” a ser uma fabricante brasileira de aviões.
A empresa americana desistiu do acordo bilionário pela crise causada pelo novo coronavírus. A dificuldade de operação de voos foram a pá de cal na negociação que envolvia a fusão entre as duas empresas, que teria 80% da nova companhia comandada pela Boeing.
Aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, o acordo tinha até ontem (24) para ser ratificado. A pressão do presidente americano, Donald Trump, em meio ao auxílio destinado pelo governo dos Estados Unidos para manter a empresa viva com as dificuldades amargadas pelo setor aéreo graças à pandemia inviabilizaram o acordo.
Com 25 bilhões de dólares em caixa e um gigantesco passivo para resolver — decorrente da queda de duas aeronaves do novíssimo 737 MAX e do cancelamento de pedidos de centenas de unidades do modelo —, a empresa americana teme não sobreviver até o fim do ano, conforme declaração recente de seu recém-empossado presidente, Dave Calhoun.
A Boeing pediu um auxílio de 60 bilhões de dólares ao governo americano para transpassar o duro momento. De acordo com um comunicado emitido nesta semana, a Embraer informa que, caso o acordo não fosse consolidado, não havia garantias de que a data para a consolidação do negócio fosse postergada. Segundo a companhia, as conversas para a prorrogação do prazo com a Boeing estão mantidas.
A operação previa duas transações. Uma delas consiste na aquisição pela Boeing de 80% do capital do negócio de aviação comercial da Embraer, que engloba a produção de aeronaves regionais e comerciais de grande porte, de operação comercial. A segunda tratava-se da criação de uma joint venture entre a Boeing e a Embraer voltada para a produção da aeronave de transporte militar KC-390, com participações de 49% e 51%, respectivamente, para a operação de defesa.