Além de investigações sobre irregularidades sobre contratos de vacina, comissão volta a debater compra de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19
A CPI da Pandemia deve continuar com foco na investigação sobre as suspeitas de propina envolvendo intermediárias de vacinas e o Ministério da Saúde, mas irá voltar a apurar informações sobre a compra de medicamentos sem eficácia no tratamento contra a Covid-19.
É o que indicam os convocados para prestar depoimento na Comissão nesta semana, a segunda após retorno do recesso parlamentar. O presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que esta será a última semana com uma oitiva sobre o caso envolvendo vacinas que a Davati Medical Supply queria vender para a Saúde.
Para Aziz, “não tem mais o que falar” sobre a empresa, já que, na visão da cúpula da comissão, ficou claro que o governo federal “dava preferência para negociar vacina quando beneficiava alguém, quando tinha algum propósito escuso”, declarou.
Os senadores reúnem-se primeiramente na terça-feira (10), quando devem ouvir o coronel da reserva Helcio Bruno, também presidente do chamado Instituto Força Brasil.
Na semana passada, o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado como alguém que possibilitou pontes entre a Davati e o Ministério da Saúde, afirmou que foi o coronel Helcio Bruno que compartilhou uma reunião que ele já tinha junto à pasta para que Amilton, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti e o representante da Davati, Cristiano Carvalho, conseguissem o primeiro encontro com o então secretário-executivo do ministério, o coronel Elcio Franco.
Na ocasião, discutiu-se a compra de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca. Posteriormente, Luiz Paulo Dominghetti apontaria que houve pedido de proprina nessa negociação. A CPI já ouviu outros personagens envolvidos nesta denúncia.
No entanto, a presença do coronel não estava relacionada às intenções de venda da Davati, afirmou o reverendo Amilton. Segundo ele, Helcio Bruno estaria ali para discutir um PL sobre a possível revenda de vacinas por empresas privadas. O projeto já foi aprovado no Senado com condicionantes.
O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão. Ele lembra que, em depoimento à CPI, representantes da empresa Davati no Brasil também disseram que o presidente do Instituto Força Brasil intermediou um encontro entre eles e Elcio Franco.
Já na quarta-feira (11), os senadores pausam momentaneamente a temática das denúncias sobre propinas para ouvirem mais uma testemunha sobre o chamado “tratamento precoce”.
Para isso, os senadores vão ouvir o representante da Indústria Farmacêutica Vitalmedic, Jailton Batista. A empresa é fabricante de medicamentos do chamado “kit-Covid”, que não tem eficácia comprovada contra a doença.
O requerimento do relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), previa originalmente a convocação de outro representante da Vitamedic, o empresário José Alves Filho. A substituição foi solicitada pela própria farmacêutica.
Na quinta-feira (12), irá ao Senado o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). O depoimento é visto nos bastidores do Senado como um dos mais aguardados pela cúpula da CPI.
A convocação estava prevista antes do recesso parlamentar e passou por uma série de trâmites jurídicos, incluindo o acesso de Barros a todos os documentos que citaram o seu nome na Comissão até meados de julho.
A convocação de Ricardo Barros foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). De acordo com o autor do requerimento, o líder do governo na Câmara foi “mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”.
Com da CNN e da Agência Senado