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Crise levanta alerta sobre governança corporativa e ESG na Amazônia

A derrocada da Ambipar, empresa brasileira de capital aberto e até pouco tempo símbolo do chamado “capitalismo verde”, acendeu um alerta sobre os riscos de adotar práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) de forma desequilibrada. Depois de anos sendo tratada como exemplo de sucesso sustentável, com prêmios, selos e menções honrosas, a companhia mergulhou em uma grave crise financeira e pediu recuperação judicial em setembro deste ano, após perder mais de 90% do valor de suas ações e debêntures verdes.

Para o consultor Marx Gabriel, da MB Consultoria, o caso é emblemático. “É o retrato de um erro coletivo: a crença cega na ideologia ESG como selo de virtude e sucesso empresarial”, afirma.

Segundo ele, a crise revela como o discurso ambiental e social pode se tornar uma cortina de fumaça quando não há governança sólida sustentando as decisões estratégicas. “Não há sustentabilidade sem governança, nem ética que sobreviva à maquiagem contábil”, destaca.

Marx lembra que a Ambipar surfou a onda da euforia ESG como poucas. As ações da empresa chegaram a multiplicar cerca de 900% no ano anterior impulsionadas pelos relatórios verdes e “obsessão do mercado por imagem”. Entretanto, o desfecho foi previsível.

“Esses episódios revelaram que o colapso da Ambipar não foi um acidente — foi a consequência natural de uma estrutura onde narrativa e aparência se sobrepuseram à governança e à prudência”, pontua.

O especialista alerta que esse caso deve servir como lição, sobretudo para empresas da região Norte, onde o discurso de sustentabilidade é forte, mas ainda pouco acompanhado de práticas maduras de gestão.

O consultor reforça que as empresas precisam compreender que governança não é um mero detalhe, mas a base que sustenta o ambiental e social. É controle, transparência, prestação de contas e integridade, precisa ir além do discurso e estar presente na conduta.

Prioridades

Para Marx, a pauta ESG – Environmental (Ambiental), Social (Social), e Governante (Governança) traz uma problemática na inversão de prioridades.

“O ‘G’, que deveria ser o centro, virou apêndice. E sem governança, o ‘E’ e o ‘S’ se tornam instrumentos de manipulação, vaidade e especulação.”

Segundo o consultor, “empresa existe para servir, lucrar e gerar valor — não para posar de salvadora do planeta”.

Com mais de 20 anos de atuação, a MB Consultoria vem apoiando empresas amazonenses na estruturação de governança, gestão de riscos e planejamento estratégico. Marx defende que esse movimento é essencial para que o Norte não repita erros vistos em grandes corporações.

“O caso Ambipar é o fim de um encantamento ideológico. Mostrou que o ESG, quando serve à aparência e não à essência, destrói o que diz proteger. A verdadeira sustentabilidade nasce da boa governança, da transparência e do caráter dos líderes. Lucro, ética e eficiência não são opostos — são os pilares do verdadeiro capitalismo produtivo”, resume.eração judicial passou a ser considerada pelo mercado.

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