
O Zangi, aplicativo de mensagens com registro anônimo e criptografia de ponta a ponta, está sendo usado por criminosos para aliciar crianças e adolescentes, segundo alerta o delegado da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Paulo Mavignier.
“Se seu filho tá usando o Zangi, apague ele agora. Vocês já ouviram falar de um aplicativo chamado Zangi? Provavelmente não, e é exatamente por isso que ele se tornou o novo esconderijo dos aliciadores de crianças na internet”, disse Mavignier, que é diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI).
De acordo com o delegado, o aplicativo não exige número de telefone, e-mail ou qualquer dado pessoal para criar uma conta, permitindo perfis totalmente anônimos. “Perfeito pra quem quer se esconder. E adivinha quem tá se escondendo lá? Pedófilos, aliciadores, criminosos que caçam crianças”, afirmou.
O delegado alerta que esses criminosos criam perfis falsos, se passam por jovens e afastam a presença dos pais para ganhar a confiança da vítima. “Tem criança sendo abordada nesse aplicativo e os pais nem sabem que ele existe. O que não pode ser monitorado, também não pode ser confiável”, completou.
Contexto nacional
O alerta acontece no mesmo momento em que a proteção de crianças na internet voltou ao centro do debate público após a repercussão do vídeo “adultização”, publicado pelo youtuber Felca, que tem mais de 4 milhões de inscritos. Lançado na última quinta-feira (7), o vídeo atingiu mais de 10 milhões de visualizações em menos de 48 horas.
No conteúdo de quase 50 minutos, Felca reúne denúncias contra influenciadores que exploram a imagem de menores, demonstra como algoritmos podem favorecer conteúdo para pedófilos e entrevista uma psicóloga especializada sobre os riscos da exposição infantil online.
O que é o Zangi
O Zangi é um aplicativo de mensagens que oferece chamadas de vídeo e voz, além de mensagens criptografadas de ponta a ponta. Ele se destaca pelo registro anônimo — sem necessidade de número de telefone ou e-mail — e pelo baixo consumo de dados, o que permite uso mesmo em conexões lentas.
Apesar da proposta de oferecer mais privacidade, as autoridades alertam que essas características também podem ser exploradas por criminosos para agir sem rastreamento.