
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) têm indícios de que o ataque hacker que expôs as mensagens privadas do juiz Sérgio Moro e dos procuradores da Força Tarefa da Lava-Jato foi muito bem planejado e teve alcance bem mais amplo do que se sabe até agora.
Entre os alvos dos criminosos, estiveram integrantes das forças-tarefas de ao menos quatro estados (Rio, São Paulo, Paraná e Distrito Federal), delegados federais de São Paulo, magistrados do Rio e de Curitiba. As informações são do jornal O Globo.
Ainda segundo a reportagem, além do atual ministro da Justiça e do procurador Deltan Dallagnol, estão a juíza substituta da 13ª Vara Federal Gabriela Hardt (que herdou processos de Moro temporariamente quando ele deixou o cargo), o desembargador Abel Gomes, relator da segunda instância da Lava-Jato no Rio, o juiz Flávio de Oliveira Lucas, do Rio, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot , os procuradores Paulo Galvão , Thaméa Danelon , Ronaldo Pinheiro de Queiroz, Danilo Dias, Eduardo El Haje, Andrey Borges de Mendonça, Marcelo Weitzel e um jornalista do GLOBO.
Outros dois procuradores, ambos ex-auxiliares de Janot, relataram ao GLOBO também terem sido vítimas de ataques de hackers, mas pediram para não terem os nomes publicados.
Em alguns casos, como o da força-tarefa da Lava-Jato no Rio, alguns integrantes evitaram a invasão, já que tinha controles mais rígidos, em especial a verificação em duas etapas para acesso remoto ao aplicativo Telegram. As mensagens atribuídas a entre Moro e Deltan indicam uma atuação combinada em determinados momentos da Lava-Jato, inclusive no processo que resultou na condenação do ex-presidente Lula, expondo a operação a inédito desgaste.
Mesmo após a revelação do caso, o esquema criminoso continua em atuação. Na noite de terça-feira, um hacker entrou em contato com José Robalinho, ex-presidente da Associação Nacional de Procuradores, se fazendo passar pelo procurador militar Marcelo Weitzel, que teve seu celular invadido, como revelou a revista Época.