Dois deputados estaduais do Rio de Janeiro protocolaram, na manhã desta quarta-feira (27), pedidos de impeachment contra o o governador Wilson Witzel. Os documentos se baseiam nas denúncias de corrupção na Saúde em meio à pandemia de coronavírus, que resultaram em operação da Polícia Federal contra o governador ontem.
Um dos pedidos foi apresentado pelo tucano Luiz Paulo, parlamentar mais antigo da Alerj e que já foi vice-governador durante a gestão Marcello Alencar (1995-1999).
Ele assina o texto em parceria com a deputada Lucinha, também do PSDB. Ambos são críticos ao atual diretório do partido no Rio, comandado pelo empresário Paulo Marinho e próximo a Witzel.
O documento cita como crime de responsabilidade o mau uso do dinheiro público, que configuraria improbidade administrativa. “O fundamento está na própria exposição de motivos do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Estão listados indícios muito robustos de que o governador está envolvido em crimes contra o erário público estadual, e quem diz isso é o ministro Benedito Gonçalves, do STJ, e o Ministério Público Federal”, aponta Luiz Paulo.
Na justificativa para a abertura do processo, os parlamentares dizem ainda que “gostariam” que o governador tivesse condições de finalizar seu mandato.
“No entanto, a situação se revela alarmante, com a existência de corrupção governamental em pleno período de pandemia, crime que poderia ser considerado como hediondo.”
Outro pedido vem de uma oposição que, durante a eleição e no início do governo, era aliada de Witzel: os bolsonaristas. Atualmente no Republicanos, o ex-líder do PSL na Casa Dr. Serginho afirma que os fatos apontados pelo Ministério Público são gravíssimos e exigem o afastamento do governador. “O governador não possui condições morais e políticas para permanecer à frente do Executivo”, diz Serginho, autor do pedido.
Cabe ao presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), autorizar a abertura de um eventual processo de impeachment. Petista pragmático, ele exerceu papel importante na recomposição da base governista após o desembarque do PSL, em setembro do ano passado quando o atrito entre Witzel e a família Bolsonaro se acirrou.
Witzel foi alvo nesta terça de mandado de busca e apreensão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, e no imóvel em que morava antes de assumir o Executivo.
Foram levados três celulares e três computadores. O escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, também foi visitado pela Polícia Federal.