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Senador usou dinheiro da saúde para proveito próprio, diz PF


Omar Aziz (PSD) governou o Amazonas entre 2010 e 2014 e é senador desde 2015
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma investigação da Polícia Federal (PF) que tramita em sigilo aponta que recursos da saúde estadual do Amazonas foram desviados para beneficiar o senador e ex-governador Omar Aziz (PSD) e seus familiares.

Em relatório produzido pela PF no estado, a que o UOL teve acesso, o órgão indiciou o senador por lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa para desviar recursos do Instituto Novos Caminhos (INC), organização social contratada pelo governo para gerenciar unidades de saúde.

Em nota, a assessoria de Aziz diz que a decisão “a decisão da autoridade policial é absolutamente equivocada, embasada em premissas que não condizem com a realidade e não se sustentam juridicamente”. A defesa de Aziz conseguiu suspender a investigação e alega que o caso deveria ser analisado pela Quarta Vara Federal do Amazonas, e não pela Segunda.

Líder do PSD e um dos principais articuladores responsáveis pela eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência do Senado, Aziz atualmente preside a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, por onde passam as principais reformas em discussão este ano, como a da previdência e a tributária.

Em julho, a mulher e três irmãos de Aziz chegaram a ser presos pela PF, mas foram soltos na sequência.

Mesada de R$ 500 mil

No documento de mais de 300 páginas, construído a partir de interceptações telefônicas e mensagens de celulares apreendidos, a PF relata 26 eventos, como movimentações financeiras, que apontam envolvimento de Aziz em desvios de contratos assinados com o INC, do médico e empresário Mouhamad Moustafa.

A PF diz que há “fortes indícios” de que Omar e familiares tenham recebido vantagens indevidas como:

  • mesada de R$ 500 mil para Omar;
  • pagamento de contas do apartamento do senador em Brasília;
  • repasses a três irmãos e à mulher de Omar, Nejmi Aziz;
  • viagens em aeronaves particulares bancadas por Moustafa;
  • consultas médicas para a mãe do senador em unidades de saúde de luxo;
  • um relógio de R$ 36 mil da marca Cartier como presente de aniversário para o senador;
  • pagamentos avulsos que variavam de R$ 2.000 a R$ 250 mil.

O médico cumpre prisão no Amazonas e tem condenações relativas a ações movidas pelo MPF (Ministério Público Federal) em fases anteriores da operação. Em uma das conversas analisadas pela PF, Mouhamad pede a um funcionário que compre um relógio para dar de presente ao senador.


Empresário pede a funcionário que compre relógio para senador Aziz, segundo apuração da PF

E o funcionário, identificado como Antonio, responde com uma foto do relógio a ser comprado. E o funcionário, identificado como Antonio, responde com uma foto do relógio a ser comprado.


Outro lado

A PF relata que os investigados, em depoimentos, negaram participação em atividades ilícitas. Admitiram apenas transações oficiais na relação com o empresário.

A assessoria de comunicação do senador Omar Aziz afirmou que não há nos autos do inquérito qualquer indício que seja “de materialidade capaz de sustentar esse indiciamento”.

O senador sustenta ainda, por meio de sua assessoria, que “caso esse assunto venha a ser debatido em processo, com direito ao contraditório e ampla defesa, ficará comprovada a insubsistência facto jurídica tanto do relatório quanto do indiciamento”.

A defesa de Moustafa afirmou que não iria se manifestar sobre o caso, já que o inquérito está em sigilo de Justiça.

Por UOL

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