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Dino terá de explicar visita na favela sem segurança

Enquanto o Rio Grande do Norte sofre o terceiro dia de ataques do crime organizado com incêndios e tiros, o Ministro de Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, visitou o complexo da Favela da Maré no Rio de Janeiro controlada pelo tráfico de drogas. Nessa região, serviços de Correios, entrega de gás, internet, luz e água, somente são realizados com a autorização do tráfico.

Uma pesquisa realizada pela ONG local Redes Maré, entre 2018 e 2020, mostra que 63% dos moradores temem ser alvejado por balas na região.

Acompanhado de assessores em dois carros de luxo, o ministro entrou nas ruas da favela sem ser incomodado e sem seguranças.

Diante do inusitado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que vai convocar o ministro para prestar esclarecimentos na Comissão de Segurança Pública da Câmara sobre a visita dele na última segunda (13). A declaração foi feita por meio das redes sociais.

– Vamos convocá-lo na Com. [Comissão de] Segurança Pública para explicar o nível de envolvimento dele e seu chefe, Lula, com o crime organizado carioca. Isto é um absurdo! – escreveu o parlamentar no Twitter.

Eduardo ainda compartilhou um vídeo do momento da chegada de Dino ao Complexo da Maré que mostra que o ministro não teve dificuldade para entrar na comunidade. O chefe da pasta de Justiça e Segurança Pública, junto de seus auxiliares, estavam em apenas duas viaturas oficiais. Veja o vídeo abaixo:

– Flávio Dino, o ministro que entra na Maré, complexo de favelas mais armado do Rio, com apenas 2 carros e sem trocar tiros – ironizou Eduardo.

A possível convocação de Dino para prestar esclarecimento na Câmara recebeu o apoio de outros parlamentares que fazem oposição ao governo federal.

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ), por exemplo, afirmou que a entrada do ministro na favela sem qualquer dificuldade é algo “estarrecedor”.

– A entrada do ministro no Complexo da Maré, sem qualquer proteção policial, utilizando apenas dois veículos, sem qualquer respaldo de segurança institucional, sugere entabulação entre o governo e a facção criminosa, situação que precisa urgentemente ser esclarecida – afirmou.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) foi outro congressista a endossar a ida de Dino para se explicar à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

– O ministro entrou sem segurança em uma das comunidades mais armadas e violentas do Brasil e as pautas abordadas não foram questões como desarmamento ou recadastramento de armas. Foram discutidas, sim, as mortes ocasionadas pelas ações policiais. Por qual motivo não foi discutida a morte de policiais? – indagou.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), por sua vez, também manifestou apoio à convocação e disse que o ministro “vai ter que explicar o nível de envolvimento que ele, o chefe dele e o PT têm com o Comando Vermelho no Rio de Janeiro”.

– Eles vão ter que explicar, porque não é possível nós tolerarmos imagens como essa – completou.

Processo de escuta

Segundo Flávio Dino, a visita faz parte de um “processo de escuta”. Ele conversou com lideranças e ativistas de direitos humanos, além de comitivas da rede internacional Open Society.

O boletim é feito anualmente da comunidade desde 2016, com uma sistematização dos dados sobre os impactos da violência armada no Complexo.

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