“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, é preciso fazer superávit e é preciso fazer teto de gasto?”, disse o petista nesta quinta-feira e deixou o mercado nervoso
:quality(80):focal(1442x1233:1452x1243)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/UHHFG2ELSRPXNBDYXXMEAYR52E.jpg)
O discurso do presidente eleito Lula da Silva assustou o mercado após ele atacar a segurança fiscal do país, colocando a questão social em primeiro plano e dizer que “tá hora ‘das pessoa’ falar de parar com esse negócio de cortar gastos, meta de inflação, superavit primário, teto de gastos.
“Regra de ouro é garantir que nenhuma criança vá dormir sem tomar um copo de leite”, disse Lula no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede da transição de governo, no início da tarde desta quinta-feira (10), deixando o mercado nervoso com o descontrole das finanças e a perspectiva de um governo perdulário.
“A única razão é restabelecer a dignidade do povo. Ter um café com leite e um pão com manteiga no café da manhã”, disse Lula, ainda falando em tom de campanha e querendo um rombo de R$ 200 milhões no orçamento do ano que vem.
Com as falas para uma plateia de parlamentares ele se empolgou e chegou a chorar. Mas questão sensível ao mercado, o teto de gastos voltou a ser objeto de questionamento do petista.
“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, é preciso fazer superávit e é preciso fazer teto de gasto?”, questionou Lula.
A possibilidade de retirar o Bolsa Família do teto de gastos provocou a disparada do dólar. Hoje o câmbio já passou dos R$ 5,30. O preço do fechamento do dia é de R$ 5,396, alta de 4,14% no dia.
Os rumos da política do governo Lula ainda são considerados “nebulosos” aos olhos do mercado para analistas e investidores. A escolha dos economistas que compõem o gabinete de transição também não contribuiu para a leitura das casas de investimentos.
O mercado comemorava Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central (BC) e um dos pais do Plano Real, e recebia um “banho de água fria” ao ouvir o nome de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, pai da “Nova Matriz Econômica” de Dilma e de Fernando Haddad, que chegou a falar publicamente que nunca foi bom de economia e sempre colou na faculdade para passar de ano.