Levantamento de pesquisadores da UFMG mostram que crise dos fertilizantes é pretexto para o projeto da mineração em terra indígena.

Levantamento de dois professores da Universidade Federal de Minas Gerais, Raoni Rajão e Bruno Manzolli, com as minas de potássio do país mostrou que é possível garantir todo o potássio a ser consumido no país para além de 2100 com reservas nacionais.
Os pesquisadores mostraram ainda que esse potássio pode ser garantido sem que se mexa na Amazônia Legal. Essas reservas que garantiriam a autossuficiência de potássio até 2100 estão nos Estados de Minas Gerais, Sergipe e São Paulo. Mesmo entre aquelas minas que ficam na Amazônia não há nenhuma em terras indígenas homologadas. E apenas 11% das minas de potássio ficam em terras indígenas a serem homologadas.
Recentemente, o https://portalvoce.com/ em reportagem, mostoru que o Amazonas é um dos estados brasileiros que poderá suprir a necessidade do minério – em Autazes – 113 km de Manaus, no município de Autazes, às margens do Rio Madeira, está uma das maiores minas, que tem projeto em andamento pela empresa Potássio do Brasil com capacidade de produzir de 2 e 4 milhões de toneladas de Cloreto de Potássio (KCl) por ano.
Em Itapiranga, próxima do Rio Amazonas, a mesma empresa já prospectou depósitos com potencial que superam as reservas de Autazes. O Projeto Potássio Itapiranga possui vantagens como proximidade com a linha de transmissão de Tucuruí-Manaus, ao Campo de Gás Natural Azulão (em construção), insumos importantes para a produção do fertilizante de potássio.
Reservas do mineral também foram identificadas em outros municípios amazonenses. De acordo com o Informe Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil – Área Bacia do Amazonas -, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara.
São reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Nhamundá, que estão estão posicionadas entre duas hidrovias importantes, a dos rios Madeira e Amazonas. Por rodovia, o minério pode chegar ao mercado consumidor do Centro-Oeste através das BR-163 (Santarém-Cuiabá) e BR-364 (Porto Velho-Cuiabá).

O potássio é um dos principais ingredientes para a fabricação de fertilizantes. O presidente Jair Bolsonaro e sua base de governo querem enfiar goela abaixo do Congresso a aprovação, em regime de urgência, do projeto que abre as terras indígenas à mineração. É preciso do voto de 257 deputados para aprovar a urgência, ou seja, maioria simples da Câmara.
O presidente voltou a bater nessa tecla depois do ataque russo à Ucrânia e da ameaça no fornecimento de fertilizantes. O levantamento dos dois professores mostra, que a pressão, na verdade, é mais uma boiada. Depois da boiada da pandemia, quando o ex-ministro Ricardo Salles explicitou sua intenção de desmontar a legislação ambiental do país enquanto a doença assolava a população, é a vez da boiada da guerra da Ucrânia.
Com: Valor Econômico


