
O dólar segue em queda firme e já se aproxima dos R$ 5,00, enquanto o Ibovespa sobe e busca os 93 mil pontos. Novamente, os investidores mostram-se otimistas com as perspectivas para a economia global e deixam de lado os fatores de risco .
Dados econômicos mais fracos no Brasil, tensão social nos EUA, incertezas das mais diversas no mundo: nada disso é capaz de frear os investidores globais, que voltam a assumir uma postura otimista nesta quarta-feira (3) — e o Ibovespa o dólar à vista aproveitam o embalo.
Por volta de 16h10, o índice brasileiro avançava 2,04%, aos 92.900,89 pontos — é o maior nível intradiário desde 9 de março. Lá fora: as bolsas da Europa subiram mais de 1%, tom semelhante ao visto no momento nos mercados acionários dos EUA.
No câmbio, o alívio é igualmente intenso: o dólar à vista recuava 2,31% no mesmo horário, a R$ 5,0885 — e olha que, ontem, a moeda americana já tinha fechado em baixa de mais de 3%, cravando a maior baixa percentual numa única sessão desde 2018.
A interrupção na escalada de tensões entre americanos e chineses também é comemorada pelos investidores, que se sentem mais confortáveis em aumentar as posições na bolsa e diminuir as proteções no mercado de câmbio, vendendo dólares.
Essa percepção mais otimista em relação aos rumos da economia global acaba se sobrepondo às preocupações quanto ao clima social mais conturbado nos EUA e os riscos quanto a uma segunda onda do coronavírus no Ocidente — e, de certa maneira, uma leitura parecida é vista no cenário doméstico.
Por aqui, os investidores mostram-se animados com a melhoria vista no cenário político: após um pico de estresse, as relações entre governo, STF e Congresso parecem mais estáveis, sem indícios de deterioração no curto prazo.
Essa “pacificação” é suficiente para tirar boa parte da pressão vista na bolsa e no dólar durante a primeira quinzena de maio. No entanto, há diversos fatores de risco no horizonte que, a julgar pelo comportamento recente dos ativos domésticos, estão sendo deixados de lado.
No câmbio, há uma notícia que ajuda a trazer alívio extra ao dólar à vista: o Tesouro anunciou mias cedo uma emissão de dois novos títulos em dólares, movimentando até US$ 3 bilhões — o que implica numa entrada de recursos no país.
“É dólar entrando no país, além também das captações no exterior de empresas e do superávit na balança, entre outros pontos”, diz um analista do mercado.