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Eleição portuguesa:candidato diz que Lula não entrará no país; vídeo

Dez milhões de eleitores escolhem hoje os 230 deputados da Assembleia da República na próxima legislatura, de onde sairá o novo Governo, em meio ao crescimento da extrema direita e uma esquerda fragmentada

Começam as eleições legislativas em Portugal

Apesar do vento frio e tempestades, as mesas de votação portuguesas foram abertas às 8h e vão até 19h (horário local, cinco horas de diferença para Brasília) em Portugal Continental e na ilha da Madeira, enquanto nos Açores abriram e fecharão uma hora mais tarde em relação à hora de Lisboa, devido à diferença do fuso.

Segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), podem votar para as eleições legislativas antecipadas de hoje 10,8 milhões de eleitores.

Concorrem a estas eleições legislativas antecipadas 18 forças políticas, menos três do que nas eleições de 2019 e 2022. A Nova Direita é o único partido estreante neste ato eleitoral, juntando-se a PS, Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), PAN, Livre, Nós, Cidadãos!, Alternativa 21 (MPT/Aliança), ADN, PTP, RIR, JPP, Ergue-te, MAS, Volt Portugal e PCTP/MRPP.

Portugal é regido por um sistema semipresidencialista, composto por um presidente e um primeiro-ministro. Os eleitores elegem hoje representantes para a Assembleia da República, o equivalente ao Parlamento Português. A votação é realizada por partidos, não por candidatos individuais.

Duas forças partidárias despontam como favoritas para conquistar a maioria dos assentos no Parlamento: a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, e o Partido Socialista (PS), de esquerda. No entanto, nenhum deles detém maioria absoluta.

 O contexto atual, no entanto, é, de certa maneira, inédito: o crescimento da extrema direita representada pelo partido Chega. Ele é um partido novo, fundado em 2019, mas tem ganho cada vez mais espaço no cenário político português. Inicialmente, conseguiu uma vaga no Parlamento e, em 2022, obteve 12 assentos, transformando-se na terceira maior força no Parlamento Português.

Líder da ultradireita em Portugal ameaça Lula: 'vai para uma cadeia'

Na reta final da campanha para as eleições deste domingo (10) quem chamou a atenção pelo discurso foi o líder do partido Chega. Ele afirmou que, se for escolhido primeiro-ministro, proibirá a entrada do presidente brasileiro Lula no país para as comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, movimento que pôs fim à ditadura lusitana, em 25 de abril.

Representante do partido nas eleições legislativas, o deputado André Ventura ameaçou prender Lula, em caso da insistência na visita – assista o vídeo que circulou o mundo.

“Se o Chega vencer as eleições legislativas, a 25 de abril de 2024 [50 anos da Revolução dos Cravos] o senhor presidente do Brasil, Lula da Silva, não vai entrar em Portugal”, afirmou, recebendo aplausos dos presentes em um comício nesta quarta (6).

“Eu garanto-vos que, se eu for primeiro-ministro, o senhor Lula da Silva ficará no aeroporto. E, se insistir, vai para uma cadeia”, declarou Ventura, que ainda provocou o petista ao dizer que “isso não será uma grande novidade para ele”. Lula ficou preso por 580 dias na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, até 8 de novembro de 2019 após condenação por corrupção em três instâncias. Mas depois foi solto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as sentenças.

“Neste país ainda mandamos nós e neste país ainda escolhemos nós quem vem e quem não vem. Corruptos já temos cá muitos, não precisamos que venham mais de fora”, afirmou.

O líder da extrema direita também disse querer limitar a entrada do primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, que visitou o Brasil esta semana e se encontrou com Lula. “[Sánchez] Só entrará quando necessário, porque também não queremos que entre muitas vezes.”

Em 2023, durante uma visita oficial de Lula a Portugal, o Chega organizou um protesto em frente ao Parlamento luso contra a presença dele no local, precisamente durante uma sessão comemorativa do 25 de abril.

No momento do discurso de Lula aos deputados portugueses, Ventura e os outros parlamentares de sua bancada começaram a bater nas mesas e a fazer barulho para atrapalhar a fala do presidente brasileiro.

Ainda que não haja informações sobre uma eventual visita de Lula a Portugal para os 50 anos do fim da ditadura, a diplomacia lusa habitualmente convida os chefes de Estado e de governo dos países lusófonos para as principais celebrações do país.

Apesar do tom de convicção do discurso, as pesquisas de intenção de voto indicam que André Ventura tem poucas chances de se tornar primeiro-ministro nas eleições de hoje (10).

A maior parte das sondagens mostra um cenário de empate técnico entre o Partido Socialista, atualmente no poder, e a Aliança Democrática (AD), coalização formada pelas legendas da direita tradicional lusa, liderados pelo PSD (Partido Social Democrata). O Chega aparece em terceiro lugar, girando em torno de 12% das preferências.

O Chega, contudo, deve sair fortalecido do pleito, convocado de forma antecipada após a queda do premiê António Costa, que pediu demissão em meio a uma investigação de corrupção que atingiu o núcleo do governo socialista. A sigla populista deve ampliar o número de deputados no Parlamento, consolidando ainda mais a posição de terceira força política na Casa.

Se for confirmado nas urnas, o crescimento da bancada do Chega também pode complicar a formação do próximo governo. O líder do PSD (direita tradicional), Luís Montenegro, afirmou que, se for eleito, não pretende incluir o Chega nas negociações para o Executivo. Uma votação expressiva nas urnas, porém, tem potencial de dificultar essa decisão.

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