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Eleições: secretários de Lima usam ‘máquina’ do Estado em Parintins

Áudios revelam uso da máquina pública em operação eleitoral ...

O candidato a prefeito de Parintins, Mateus Assayag (PSD), apoiado pelo prefeito Bi Garcia (PSD), divulgou na tarde do último sábado (28), fez graves acusações contra o Governo do Amazonas. Em entrevista coletiva de imprensa, ele apresentou gravações de reunião do presidente da Cosama, Armando do Vale; o secretário de Cultura, Marcos Apolo Muniz; o secretário da Casa Civil, Flávio Anthony; o secretário de administração, Fabrício Barbosa; o comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar em Parintins, tenente coronel Francisco Magno Judss e um oficial da tropa de choque, em que articulam o uso da máquina estatal para beneficiar Brena Dianná (União Brasil), candidata apoiada pelo governador Wilson Lima (UB), que vem liderando as últimas pesquisas.

Diante das revelações, Assayag anunciou que já entregou o vídeo original à Polícia Federal – que deverá fazer a perícia para constatar a veracidade das imagens e áudios -, solicitando a prisão dos envolvidos e a antecipação do envio das Forças Federais para garantir a segurança das eleições.

Nesta segunda-feira (30), o jornalista Ronaldo Tiradentes informou no seu programa Manhã de Notícias que o vídeo já está nas mãos da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármem Lúcia.

O vídeo original possui cerca de 1h de duração e gravado durante uma reunião no dia 3 de agosto, que teria sido realizada supostamente na casa do candidato a prefeito de Manaus, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (UB), também apoiado pelo governador Wilson Lima. Assista abaixo uma versão editada, que foi divulgada.

“Lamento muito que tudo isso esteja acontecendo. Sem dúvida nenhuma, isso é um golpe gigantesco em todo o povo de Parintins. (…) Uma estruturação de uma verdadeira organização criminosa dentro do Governo do Estado, que arquiteta tudo isso que está acontecendo aqui, dia após dias. Tudo montado, planejado e arquitetado”, disse Mateus Assayag.

As gravações revelam o uso da máquina do governo do Estado para tentar vencer a qualquer custo e eleição para a Prefeitura de Parintins, que vai desde escutas ilegais, simulação de prisões e até o uso de um contingente da Polícia Militar do Pará em favor de sua candidata Brena Dianná. O governo do Amazonas, ainda não se pronunciou sobre a denúncia.

Na reunião do grupo são tratadas operações policiais tendo como alvo pessoas da relação com o prefeito de Parintins, Bi Garcia, a instalação de grampos em aparelhos telefônicos, a vinda de policiais militares de Itaituba (PA) para atuarem como milícias no dia das eleições, simulação de prisão de traficantes e ladrões de banco e a ida de auditores fiscais da Secretaria da Fazenda para atuarem contra empresários fornecedores da Prefeitura de Parintins.

O vídeo foi enviado de forma anônima para a coligação “Parintins em Primeiro Lugar” do candidato Mateus Assayag e mostra o objetivo do grupo do governo Wilson Lima de vencer a eleição, naquele município do Rio Amazonas, a qualquer preço. Em um detrminado momento, Armando do Vale justifica a oporação. “Numa campanha só não vale é perder”, disse aos presentes na reunião.

Grampo e Escuta

No encontro são dados detalhes sobre escutas ilegais, com a clonagem de telefones celulares de pessoas próximas ao prefeito Bi Garcia, executada nas dependências do Liceu de Artes e Ofícios de Parintins, conforme revela o tenente coronel Francisco Magno Judss.

Um dos alvos foi o funcionário do prefeito Bi Garcia, o “Cearazinho”. “Se a gente perder o grampo deles, a gente está fora”, comenta Armando do Vale, dando evidências que mais pessoas tiveram seus telefones clonados de forma ilegal.
Um um grupo de policiais da Secretaria Especial Adjunta de Inteligência teria usado aparelhos de escuta e gravaram clandestinamente conversas na cidade.

No encontro também é revelado que foram usados na operação traficantes e assaltantes de bancos do Pará e dois residentes em Parintins, para simularem suas prisões, com objetivo de justificar a presença da tropa de choque no município. Esse grupo de seis criminosos foram hospedados em uma casa pelo grupo e ainda receberiam um cachê por participação na ação.

Em outro momento eles deixam claro a utilização de auditores fiscais da Secretaria da Fazenda baseados em Manaus para realizarem devassa em fornecedores da Prefeitura ou empresários que não se engajaram na campanha da candidata Brena Dianná.

Nos áudios da conversa, o grupo planeja trazer no dia da eleição em Parintins, 20 policiais do Pará. A mílicia paraense arregimentada iria atuar nos maiores colégios eleitorais na zona Rural, sob a “supervisão” de um policial militar e cada comunidade.

Espionagem

Reportagem da Agência Pública de outubro de 2023 cita o governo do Amazonas de ter adquirido o software de monitoramento FirstMile, da empresa Cognyte. O programa empresa israelense está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de uso para espionagem durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a reportagem, a gestão do governador Wilson Lima (União Brasil) adquiriu produtos da empresa israelense em julho de 2022, ao custo de R$5,9 milhões. A Polícia Civil do estado fechou a compra do equipamento satelital para identificação, rastreamento, monitoramento e interceptação de atividades relacionadas ao tráfico de drogas em ambiente urbano e florestal para o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).

Como funciona

Operando de modo a “não revelar para as operadoras de telefonia celular que a rede está sendo monitorada”, a ferramenta FirstMile pode extrair os números de série do chip e do telefone dos alvos, obtendo a “distância aproximada entre o sistema [GI2S] e o aparelho [vigiado] em metros”, “permitindo atividade secreta e uso dissimulado do aparelho.

O hackeamento também se torna possível porque a ferramenta da Cognyte permite invasões ativas, via “entrega automática de um SMS predefinido para qualquer telefone que seja capturado”.

A entrega de SMS para captura de telefones celulares remete ao chamado phishing, que é o envio de comunicações fraudulentas de modo a parecer que vêm de fontes confiáveis, invadindo proteções do aparelho com um pretenso consentimento do usuário – por exemplo, quando a pessoa interage ao clicar em links maliciosos enviados via SMS.

A reportagem da Agência Pública apurou que o GI2S é constituído por duas partes. Uma é física, um aparelho móvel que pode ser colocado em uma maleta e levado a um presídio durante uma rebelião ou dentro de um automóvel para uma tocaia, por exemplo, permitindo “à equipe de campo operações de maneira encoberta”. A outra parte é virtual, um programa que controla o aparelho móvel à distância e pode ser instalado em computadores, laptops e smartphones.

Por meio do “software de comando” do GI2S, quem o opera pode “varrer as frequências da região e mostrar uma lista com todos os dispositivos de comunicação detectados no raio de alcance” do produto.

Assim, são coletados os números de série dos aparelhos, a operadora e a frequência de internet usada pelos alvos durante a operação, a posição GPS dos alvos, entre outros dados sensíveis, sem que os usuários dos telefones hackeados saibam. 

A ferramenta ainda é capaz de criar mapas de calor com a movimentação dos alvos, mostrando “as áreas de maior probabilidade da localização do alvo” aos operadores.

O GI2S também possui a função de “operação programada”, por meio da qual é possível criar coletas automatizadas de dados de “modo não supervisionado” – permitindo aos policiais colocarem o aparelho “em um local oculto para uma operação prolongada sem ter que controlá-lo

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