O Amazonas mantém 95% de seu território com vegetação nativa, figurando entre os estados mais preservados do país, atrás apenas do Amapá.

O Amazonas perdeu 286 mil hectares de áreas alagadas entre 1985 e 2024, o equivalente a uma área 1,5 vez maior que o município de São Paulo, segundo dados do MapBiomas Brasil.
A média histórica de superfície de água no estado, maior detentor de floresta úmida do planeta, é de 5,10 milhões de hectares, mas em 2024 o volume foi de 4,81 milhões, o quinto menor registrado na série histórica e 6% abaixo da média nacional.
Conforme o MapBiomas, a maior parte dessas áreas costuma se regenerar com o ciclo de cheias dos rios, mas secas extremas, prolongadas e cada vez mais frequentes podem limitar essa recuperação.
Embora a seca seja o fator imediato para a redução das áreas alagadas, o MapBiomas afirma que ações humanas, como desmatamento, degradação florestal, emissões de gases de efeito estufa e alterações locais no curso dos rios, intensificam o fenômeno.
Atividades como a retirada de vegetação das margens dos rios alteram o ritmo de vazão da água e seu tempo de armazenamento no solo. “Adicionalmente, a criação de barragens e infraestruturas em geral alteram os cursos d’água, podem agravar a perda e dificultar a recuperação dessas áreas”, acrescenta a entidade.
O desmatamento, por exemplo, reduz a infiltração de água no solo, aumenta o assoreamento e acelera o escoamento superficial, o que provoca secagem mais rápida dos rios na estiagem. A perda de vegetação também compromete áreas de várzea e altera o regime de vazão dos rios, prejudicando a biodiversidade que depende desses ambientes para sobreviver.
‘O desmatamento nas cabeceiras e margens dos rios reduz a infiltração de água no solo e aumenta o assoreamento, diminuindo a capacidade de armazenamento de água dos corpos hídricos. Sem a cobertura vegetal, a evaporação é maior e os rios secam mais rapidamente durante períodos de estiagem. A remoção da vegetação também afeta diretamente as áreas de várzea, que dependem da vegetação para manter sua estrutura e reter água”, observa o MapBiomas.
“O desmatamento altera o regime de vazão dos rios devido à sua influência no ciclo hidrológico. A floresta atua como uma máquina com a capacidade de bombear água para a atmosfera através da evapotranspiração, esse processo tem influência no regime de chuvas local e de outras regiões mais distantes”, conclui.
Na quarta-feira (13), o MapBiomas publicou uma análise detalhada da cobertura e uso da terra no Brasil ao longo dos últimos 40 anos, de 1985 a 2024, que revela um cenário de profundas transformações, com impactos significativos nas áreas naturais e na expansão da agropecuária.
Uso da terra
O Amazonas mantém 95% de seu território com vegetação nativa, figurando entre os estados mais preservados do país, atrás apenas do Amapá. No bioma Amazônia, onde o estado está inserido, houve perda de 52,1 milhões de hectares de áreas naturais entre 1985 e 2024, equivalente a 13% da cobertura original.
O maior avanço antrópico ocorreu entre 1995 e 2004, com aumento de 21,1 milhões de hectares, superando o desmatamento acumulado até 1985.
Nos últimos dez anos, surgiu a nova fronteira de desmatamento conhecida como Amacro, abrangendo áreas do Amazonas, Acre e Rondônia. Três em cada cinco hectares de agricultura no bioma Amazônia surgiram apenas nas últimas duas décadas.