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Em novo acordo, Âmbar adianta R$ 9,85 bi para destravar compra da Amazonas Energia

Com a operação, o mercado acompanha de perto como a Âmbar Energia irá estruturar sua gestão da Amazonas Energia e quais estratégias adotará para equilibrar desafios financeiros, técnicos e regulatórios.

O acordo aprovado pela diretoria da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) para destravar a venda da Amazonas Energia para a Âmbar, do Grupo J&F, prevê um compromisso pela empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista de aportar na distribuidora R$ 9,85 bilhões de imediato.

Os termos do acordo, no entanto, não fixam um valor exato de flexibilizações regulatórias ao qual a Amazonas terá direito. Pelo entendimento fechado, os valores totais a serem repassados à distribuidora vão depender do desempenho operacional da empresa nos próximos anos.

A nova diretoria da ANEEL decidiu, em reunião administrativa nesta quinta-feira (4), dar o aval para que a Âmbar assuma a distribuidora com flexibilizações regulatórias por mais 14 anos, não mais por 15, como proposto anteriormente.

Os documentos ainda serão enviados à AGU (Advocacia Geral da União), que tratará do acordo em âmbito judicial.

Flexibilizações regulatórias atreladas ao desempenho

Embora o aporte esteja definido, os termos do acordo não estipulam valores fixos para as flexibilizações regulatórias que a distribuidora terá direito. Pelo entendimento firmado, os montantes totais a serem destinados dependerão do desempenho operacional da companhia ao longo dos próximos anos.

Fontes ligadas à decisão explicaram que a diretoria da ANEEL aprovou um prazo de 14 anos de flexibilizações regulatórias — um a menos do que os 15 anos originalmente propostos. Essa condição busca equilibrar o estímulo à recuperação da concessionária com a preservação do interesse público e da modicidade tarifária.

Papel da AGU e consolidação do acordo

Após a decisão da ANEEL, os documentos do processo serão enviados à Advocacia-Geral da União (AGU), que ficará responsável por tratar do acordo em âmbito judicial. Esse encaminhamento é considerado fundamental para conferir segurança jurídica à operação e consolidar a transferência definitiva da distribuidora para a Âmbar Energia.

A expectativa é de que, após a homologação judicial, a Âmbar dê início a um plano robusto de investimentos em modernização da rede, digitalização de processos e combate às perdas técnicas e não técnicas, pontos críticos no desempenho da Amazonas Energia.

Desafios históricos da distribuidora

A Amazonas Energia é reconhecida como uma das concessionárias mais complexas do setor elétrico brasileiro. Entre os principais desafios estão:

  • Perdas técnicas e não técnicas acima da média nacional, o que compromete o equilíbrio econômico-financeiro.
  • Elevada inadimplência, reflexo das condições socioeconômicas da região atendida.
  • Alto custo logístico para operação em um estado de dimensões continentais e com áreas de difícil acesso.

Esses fatores pressionam a qualidade do serviço e demandam um modelo de gestão diferenciado, capaz de conciliar investimentos em infraestrutura com soluções inovadoras para o atendimento aos consumidores.

Estratégia da Âmbar e do Grupo J&F

Para a Âmbar, a aquisição representa um passo decisivo na expansão de sua atuação no setor elétrico. Controlada pelo Grupo J&F, a empresa vem consolidando posição em diferentes elos da cadeia energética e agora assume o desafio de recuperar uma das distribuidoras mais problemáticas do país.

O aporte imediato de quase R$ 10 bilhões demonstra o compromisso da companhia com a reestruturação e a confiança na viabilidade do negócio em longo prazo. Caso obtenha sucesso, a Âmbar poderá transformar a Amazonas Energia em um case de recuperação empresarial no setor elétrico, abrindo precedentes para soluções semelhantes em outras concessionárias em situação crítica.

Impactos para o sistema elétrico e consumidores

A reestruturação da Amazonas Energia não tem impacto apenas regional, mas também nacional. A distribuidora atende milhões de consumidores no Amazonas e desempenha papel crucial na segurança energética da região Norte.

Ao mesmo tempo, o sucesso da operação terá reflexos diretos sobre a modicidade tarifária e a eficiência do sistema, reduzindo custos sistêmicos decorrentes de ineficiências históricas. Para os consumidores locais, espera-se melhoria na qualidade do fornecimento, maior confiabilidade da rede e avanços em projetos estruturantes.

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