Empresários e seringueiros receberam nesta quarta-feira (15), orientações e informações para fortalecer a cadeia produtiva da borracha e atender à demanda do Polo Industrial de Manaus (PIM), durante o 1° Workshop do Adensamento da Cadeia da Borracha, promovido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti).
O evento realizado no Senai, zona sul de Manaus, incluiu uma série de palestras e uma rodada de apresentações do programa Preferência Regional.
Representando o governador Wilson Lima no evento, o secretário-executivo da Sedecti, Gustavo Igrejas, ressaltou que o workshop atende a duas questões fundamentais: a interiorização do desenvolvimento e a diversificação da matriz econômica. Ele destacou que ambos precisam estar alinhados ao PIM, que fatura mais de 35 bilhões de dólares por ano e tem uma demanda de insumos superior a 20 bilhões de dólares.
“A borracha é uma cadeia das que eu acho mais próxima da gente conseguir trabalhar e ela virar uma grande fornecedora do PIM, principalmente para o setor mecânico, porque a borracha, além de ir no pneu, ela vai na suspensão e em várias partes da motocicleta”, pontuou Igrejas.
O representante Amazônia Pneus, empresa nascente do PIM, Fabio Centofanti, enfatizou que os empresários esperam a retomada sustentável da cadeia produtiva da borracha a preços justos, beneficiando as comunidades.
“A empresa tem a necessidade de consumir vários insumos, dentre os quais a borracha natural, e a importância do evento é para que se fortaleça a produção, a retomada da produção da borracha natural”, declarou Centofanti.
O seringueiro do município de Lábrea, Antônio Davi Brito, ressaltou que o setor enfrentou mais de três anos sem mercado após o fechamento da usina do Granulado Escuro Brasileiro (GEB) em Manicoré. Ele agradeceu o Governo do Amazonas pelo apoio aos seringueiros, incluindo pagamento de subvenções e publicação de editais através do sistema Sepror.
“A importância desse evento de hoje vem só fortalecer mais ainda a nossa esperança dos extrativistas do Amazonas, para que a gente possa continuar fortalecendo cada vez mais e crescendo a produtividade no estado, melhorando a qualidade de vida das famílias lá na ponta. Isso é o que eu vejo aqui nesse evento”, ressaltou o produtor.
Novas tecnologias
Segundo o chefe da Embrapa na Amazônia Ocidental, Everton Rabelo Cordeiro, o problema enfrentado pela seringueira no Amazonas é o mesmo desde a época de Henry Ford em Fordlândia: o mal das folhas. Para combater essa doença, a Embrapa desenvolveu uma planta resistente ao mal das folhas.
“Se nós cultivarmos essa seringueira com essa tecnologia, as plantas não serão atacadas ou não morrerão sob o ataque do mal das folhas. Essa é a maior revolução que nós temos para a produção de borracha na região amazônica. Além da planta permanecer viva, nós temos uma qualidade da borracha superior e uma produtividade muito maior do que as encontradas quando a gente cultiva na floresta”, pontuou.
Dados
Conforme dados divulgados pela Sedecti durante o evento, o Amazonas possui 17 municípios produtores de borracha, os quais representam 8,04% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Em 2022, a produção de borracha do Amazonas totalizou 313 toneladas, sendo que desses 17 municípios, a produção foi de 264 toneladas, o que corresponde a 84,35% da produção estadual. A meta estabelecida pelo Governo do Amazonas é alcançar anualmente a oferta de 10 mil toneladas de borracha nativa no Mercado Global até 2030.
Nos anos de 2021 e 2022, o Governo do Amazonas distribuiu 600 kits para os seringueiros. Em 2023, foram alocados 160 kits para os municípios de Boca do Acre, Lábrea, Humaitá e Pauini. A previsão é entregar mais 400 kits ainda este ano.
O evento contou com a presença de extrativistas, empresários da indústria da borracha e representantes de várias instituições, incluindo Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (Idam), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Banco da Amazônia, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Amazonas (Fetagri/AM), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).