Um estudo de pesquisadores da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) mostra que o Jaraqui, um dos peixes mais populares do Amazonas, deve entrar na lista de defeso.
Segundo os pesquisadores, o jaraqui está perdendo sua diversidade genética devido à pesca excessiva.
O estudo foi realizado por Ingrid Nunes e Kelmer Passos, da Ufam; Aline Ximenes (Inpa) e os professores Izeni Pires Farias e Tomas Hrbek, ambos do departamento de Genética do ICB (Instituto de Ciências Biológicas da Ufam).
Conforme o estudo, a espécie representa 93% das capturas pesqueiras na Amazônia central. O jaraqui é o peixe mais consumido na região.
A pesca com redes de grande porte e durante o período de reprodução tem causado redução dos estoques naturais do peixe.
Ingrid Nunes, que é pesquisadora da FEST (Fundação Espírito-santense de Tecnologia), mas trabalha na Ufam, afirmou que a demanda crescente tem estimulado a pesca em grande quantidade, acima da capacidade de reposição do estoque natural da espécie, no Amazonas.
“A nossa amostragem incluiu 11 pontos distribuídos ao longo da Amazônia, de Tabatinga (no Alto Solimões) até o município de Jacareacanga no Pará (Baixo Amazonas). O Jaraqui forma uma única população em toda a Amazônia, no entanto, a diversidade genética do peixe está sendo perdida muito rapidamente devido aos efeitos da sobrepesca”, alerta a pesquisadora.
Ainda de acordo com Ingrid Nunes, a solução seria criar um período adequado de pesca para equilibrar os danos causados à espécie. “Esperamos que antes de tudo, o Jaraqui entre na lista do defeso, pois é a única forma para ter uma pesca de fato sustentável da espécie”.
Defeso
O início do defeso é estabelecido durante o período reprodutivo das espécies e acontece anualmente. A multa para quem pesca, transporta, comercializa ou armazena as espécies ainda sob restrição de pesca durante o período do defeso vai de R$ 700 a R$ 100 mil, com acréscimo de R$ 20 por quilograma ou fração do produto.
A primeira migração é para reprodução no início da cheia. A espécie sai de afluentes pobres em nutrientes (águas pretas e claras) para rios de águas turvas (águas brancas) em cardumes compactos e grandes de adultos e subadultos para desovar no encontro com o rio principal, onde as águas são turvas e ricas em nutrientes.
Os ovos e as primeiras larvas são transportados passivamente pelas correntes para viveiros que são ricos em alimentos e fornecem refúgio contra predadores