Os Estados Unidos autorizaram neste domingo a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance de fabricação americana contra a Rússia, atendendo a um clamor antigo de Kiev que era alvo de ponderações pelo temor de uma implicação mais direta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no conflito.
O pedido foi acatado após Moscou promover neste domingo um ataque “maciço” contra a rede elétrica ucraniana, em meio à preocupação com o rigoroso inverno que chegará em breve no país, e no momento em que mais de 50 mil soldados — russos e também norte-coreanos — se deslocam para tentar recuperar Kursk, região no sul da Rússia tomada por tropas ucranianas numa contraofensiva surpresa lançada no meio do ano.
Há meses o uso dos chamados Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS, em inglês) era ventilado. No entanto, as autoridades americanas estavam divididas quanto a permissão, temendo desde uma escalada da guerra até a diminuição no estoques de armas dos EUA.
O ataque deste domingo, um dos maiores desde o início do conflito há mais de dois anos, deixou ao menos cinco mortos, provocou quedas de energia em várias regiões e, segundo o presidente Volodymyr Zelensky, destruiu metade da capacidade de produção de energia do país. A ação, afirmou o mandatário, contou com cerca de 120 mísseis e 90 drones. Do total, ao menos 140 alvos foram abatidos.
“O alvo do inimigo era nossa infraestrutura de energia por toda a Ucrânia”, afirmou Zelensky em um comunicado no Telegram, acrescentando: “Infelizmente, há danos a objetos por impactos e queda de destroços.”
Mais cedo, o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, disse no Telegram que “um ataque maciço ao nosso sistema de energia está em andamento” e que as forças russas estavam “atacando instalações de geração e transmissão de eletricidade em toda a Ucrânia”. Jornalistas da AFP ouviram explosões no início da manhã em Kiev e perto de Sloviansk, na região de Donetsk.
A operadora de energia da Ucrânia, DTEK, anunciou cortes emergenciais de energia na região de Kiev e em duas regiões do leste. As autoridades da capital descreveram o ataque como o mais pesado dos últimos três meses, e seus moradores tiveram que buscar abrigo no metrô. Além da capital, a DTEK também anunciou cortes nas regiões de Donetsk e Dnipropetrovsk, no leste, onde o Exército russo reivindicou ter capturado dezenas de aldeias nas últimas semanas.
A energia também foi cortada em partes da importante cidade portuária de Odesa, no sul do Mar Negro, segundo o prefeito. O aquecimento, fornecimento de água e eletricidade da região foram cortados, enquanto os hospitais estão funcionando com geradores, segundo a CNN. Autoridades também alertaram que a infraestrutura essencial foi afetada nas regiões de Vinnytsia, Rivne, Volhynia e Zaporíjia.