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EUA suspendem ajuda humanitária que auxiliava imigrantes em Manaus; medida pode impactar na Operação Acolhida

O Governo Trump suspendeu por 90 dias o repasse de fundos americanos destinados à ajuda humanitária a uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que auxilia migrantes em Manaus. Com isso, os serviços disponibilizados pela entidade para imigrantes venezuelanos, no Amazonas e em outros quatro estados da região Norte, estão paralisados.  A informação é do g1.

Segundo a entidade, a medida segue as ordens do presidente americano que, na última segunda-feira (20), determinou a paralisação imediata da utilização de fundos de assistência humanitária, em especial, do Bureau de População de Refugiados e Migração (PRM) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), além de pausar novos apoios, conforme um memorando interno enviado a oficiais e embaixadas dos EUA no exterior.

Durante o período de suspensão, o Departamento de Estado Americano deve revisar todos os programas em andamento para garantir que a ajuda esteja alinhada com os objetivos de política externa do governo Trump.

Profissionais que atuavam no escritório localizado no Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC) da Compensa, na Zona Oeste de Manaus, foram dispensados. No local, centenas de pessoas procuram serviços de acolhida diariamente.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), com a paralisação de 90 dias, é estimado que milhares de imigrantes ficarão sem acesso a regularização migratória para a residência temporária no Brasil, o que significa que não terão acesso a serviços de saúde e alimentação.

A entidade, inclusive, é parceira do Governo Brasileiro na Operação Acolhida e, desde 2018, ajuda na regularização da migração e fornecimento de assistência humanitária a migrantes venezuelanos que entram no país pelo estado de Roraima.

Com o corte de verbas, diversos serviços serão afetados, como:

  • Regularização Migratória e Assistência Humanitária;
  • Proteção e Saúde;
  • Interiorização e Movimentos Humanitários;
  • Combate ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes; e
  • Apoio Técnico e Assessoria na temática migratória e desenvolvimento de políticas e planos de integração.

“Atualmente, 60% dos recursos da OIM no Brasil são provenientes dos Estados Unidos. A suspensão parcial das atividades da OIM no Brasil representa um desafio significativo para o gerenciamento da crise humanitária envolvendo migrantes e refugiados. Nossa infraestrutura e operações ficam muito comprometidas com a redução de capacidades e recursos em centros de acolhimento e atendimento. Teremos impacto direto na manutenção, no custeio e no funcionamento de estruturas físicas e recursos humanos da OIM no Brasil”, destacou a agência.

Por meio de nota, a OIM sediada em Manaus informou que buscará seguir trabalhando em estreito diálogo e colaboração com o Governo Federal e governos locais, dentro de sua capacidades.

“Manteremos todos os esforços possíveis para seguir nossa missão de proteger as pessoas em movimento e promover uma migração humanizada ordenada e digna, que beneficie tanto os migrantes quanto a sociedade de acolhida” disse a entidade.

Operação acolhida

A Operação Acolhida iniciou em 2018, devido ao intenso fluxo migratório de venezuelanos, que entraram no Brasil por Roraima e buscavam se fixar no Amazonas. Os governos Federal, Estadual e Municipal trabalham em conjunto com organizações que atuam com migrantes e refugiados, com a acolhida, oferta de alimentação e encaminhamentos para abrigos, atendimento de saúde e afins.

Deportação

Na última sexta-feira (24), pousou no aeroporto de Manaus, por volta das 18h, o primeiro voo com deportados dos Estados Unidos para o Brasil desde a posse de Donald Trump. A previsão inicial era de que os 88 deportados chegassem a Confins (MG) na noite de sexta, mas a aeronave vinda dos EUA precisou pousar em Manaus após apresentar um problema técnico.

No desembarque em Manaus, imagens mostraram brasileiros algemados pelos agentes de imigração dos Estados Unidos. Segundo a Polícia Federal, usar algemas e correntes são um procedimento padrão da imigração americana durante os voos com deportados dos Estados Unidos. Esse foi o primeiro voo com deportados vindo para o Brasil no novo governo de Donald Trump – mas é o segundo de 2025.

Esses voos fazem parte de um acordo bilateral sobre deportação assinado pelos Estados Unidos e Brasil, em 2018 e que continua em vigor. O objetivo, segundo o Itamaraty, é abreviar o tempo de permanência de brasileiros presos por imigração irregular em centros de detenção americanos.

Inicialmente, a expectativa era de que o governo norte-americano enviasse outro avião para levar o grupo do Amazonas para Minas Gerais, mas o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pediu um voo da FAB para o transporte. Ele orientou a Polícia Federal a recepcionar os brasileiros, que chegaram ao país algemados, e determinou a retirada imediata das algemas.

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, estava no terminal em Confins para receber os brasileiros. “As denúncias das pessoas que chegaram são muito graves, de violação. A grande questão desse fato é que os países eles têm suas políticas imigratórias, mas as suas políticas imigratórias não podem violar os direitos humanos”, disse.

Neste ano, é o segundo voo com deportados a desembarcar em Confins. O primeiro pousou em 10 de janeiro, com 100 pessoas a bordo, ainda durante a gestão do democrata Joe Biden.

Em nota divulgada no domingo (26), o Ministério das Relações Exteriores declarou que ”reuniu informações detalhadas sobre o tratamento degradante dispensado aos brasileiros e brasileiras algemados, nos pés e mãos, em voo de repatriação do serviço de imigração e controle de aduanas dos Estados Unidos.”

O Itamaraty afirmou que ”o uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os Estados Unidos, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados.”

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