
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), mandou prender o ex-diretor do Ministério da Saúde, Roberto Dias, no depoimento desta quarta-feira (7).
Durante a sessão, Dias negou a informação trazida por Dominghetti, bem como a aproximação dele com o representante da Davati. Apesar de admitir ter se encontrado com Dominghetti, em 26 de fevereiro, na presença do ex-diretor-substituto de Logística, Marcelo Blanco, Dias negou que o encontro foi previamente marcado, versão posta em xeque por meio de áudios apresentados pelos senadores.
Aziz chegou a anunciar o encerramento da sessão e chamar a Polícia Legislativa. Em seguida, senadores pediram para que, antes, a testemunha tivesse oportunidade de fazer novas declarações, com base nos áudios.
Durante o depoimento, Dias negou as acusações trazidas pelo representante da Davati Medical Supply Luiz Paulo Dominguetti Pereira à CPI da Covid. Nas palavras de Dias, “Dominguetti é um picareta”.
“Dominguetti é um picareta que tentava aplicar golpes em prefeituras e no Ministério da Saúde. Durante audiência, deu mais uma prova de sua desonestidade, não sendo merecedor de nenhum crédito nesta Casa”, afirmou a senadores.
Dias iniciou o depoimento ao colegiado defendendo que tem, como “único pedido, poder falar”. “Estou há mais de 10 dias sendo massacrado e citado em todos os veículos de comunicação, sem que haja nenhuma prova ou indício que sustente tais alegações.”
“Nunca pedi nenhum tipo de vantagem ao senhor Dominguetti e nem a ninguém”, prosseguiu.
O ex-diretor de logística foi citado pelo cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luis Dominghetti, como a figura de dentro do Ministério da Saúde que teria pedido propina U$ 1 por dose para para autorizar a negociação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
Durante depoimento, ele disse que negou um cargo a Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, que junto com o irmão, o deputado Luís Miranda (DEM-RJ), denunciou suspeitas de irregularidades na negociação do governo de Jair Bolsonaro para compra de vacinas contra o coronavírus.
O deputado do DEM acusou Dias de mentir e de ser corrupto. O ex-diretor é acusado de ser o autor de algumas das pressões para agilizar a importação do imunizante indiano Covaxin, mas desmentiu todas as informações anteriores de Miranda e de Dominghetti – os dois têm complicações com a Justiça.
“Confesso que neguei um pedido de cargo para seu irmão servidor. E por um momento pensei que pudesse ser uma retaliação. E confesso que sempre achei desproporcional demais. Mas agora, o que se deslinda, é a possibilidade de ter ocorrido uma frustração no campo econômico também”, afirmou Dias.
Luís Miranda atribuiu a fala do ex-funcionário da Saúde a uma estratégia do governo. O parlamentar disse ao Estadão que o único pedido feito por ele a Dias foi para reservar 500 mil respiradores para Brasília.
“É o famoso comentário que segue a mesma estratégia de todos. Desconstruir a testemunha. Fazer ter uma dúvida para que a base bolsonarista faça um recortezinho”, afirmou Miranda.
O político do DEM negou que o irmão tivesse qualquer pretensão de mudar de cargo. O servidor é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, setor que era comandado por Dias.
“O que me recordo era que meu irmão queria sair desse departamento pela quantidade de denúncias de rolos, para não chamar de corrupção que esse departamento tem, o DLOG”, disse Miranda.
Na CPI, Roberto Dias também negou ter pedido vantagens a Luiz Paulo Dominghetti, policial militar que o acusou de pedir propina em negociações para compra da vacina AstraZeneca.