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ONU desmente Marina e diz que fome no Brasil atinge 8,6 milhões

Documento da Organização das Nações Unidas informa que na América Latina, o número quase duplicou desde 2015, passando de 17,2 milhões para 34 milhões de pessoas e que o Brasil, um país altamente povoado, teve uma das taxas mais baixas da região (4,1%)

Três dias após as agência de checagem da verdade terem classificado de fake news a declaração da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que afirmou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que 120 milhões de brasileiros passam fome, um documento da Organização das Nações Unidas (ONU) para Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado na quarta-feira (18), desmente a ministra de Lula – que foi mais modesto e divulgou na campanha eleitoral que eram 33 milhões.

O Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2022 relata que o Brasil possui 4,1% da população subalimentada, o que equivale a quase 9 milhões de pessoas.

“Na Colômbia, Paraguai, Peru e Suriname, a prevalência (de desnutrição) excedeu 8%. É válido destacar que o Brasil, um país altamente povoado, teve uma das taxas mais baixas da região (4,1%), mas o maior número de pessoas subnutridas (8,6 milhões)”, informa o relatório.

O relatório de periodicidade anual divulgado na quarta-feira (18) aponta a Venezuela como o país que tem mais pessoas, de fato, passando fome na América do Sul.

Na América do Sul, a República Bolivariana da Venezuela teve a maior prevalência de subnutrição (22,9%), equivalente em números absolutos a 6,5 milhões de pessoas, seguida pelo Equador com 15,4% (2,7 milhões) e a Bolívia com 13,9% (1,6 milhões)”, mostrou o documento “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional da América Latina e Caraíbas – 2022”, informa o documento da ONU.

Aproximadamente 20% da população está inserida nessa situação crítica, o que representa 6,5 milhões de pessoas. O relatório da FAO também contradita uma pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar que sinaliza 33 milhões de brasileiros passando fome.

O documento precisa que o indicador sobre prevalência da desnutrição “deriva de dados nacionais sobre o abastecimento alimentar, consumo de alimentos e as necessidades energéticas da população, tendo em conta características demográficas como a idade, sexo e níveis de atividade física”.

“Este indicador foi desenhado para captar um estado de privação de energia com duração superior a um ano, sem refletir os efeitos efémeros das crises temporárias ou a ingestão inadequada de nutrientes essenciais”, sublinha o documento.

Segundo o relatório, “a prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave com base na Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (FIES, sigla em inglês) é uma estimativa da proporção da população que enfrenta limitações moderadas ou severas na obtenção de alimentos suficientes ao longo de um ano”.

“Uma análise das tendências da fome nos países da região mostra que a fome aumentou significativamente na República Bolivariana da Venezuela, em 18,4 pontos percentuais, ou seja, (houve) mais cinco milhões de pessoas com fome entre os períodos 2013-2015 e 2019-2021”, explicou.

Nesses períodos, “a fome aumentou 6,7% no Equador (1,3 milhões de pessoas), 4,6% no Haiti (900 mil) e 1,6% no Brasil (mais 3,4 milhões de pessoas)”.

O relatório salientou que ao comparar os últimos dados sobre a fome (período 2019-2021), com o triénio anterior à pandemia da covid-19 (2017-2019), “se observa que os países onde a subalimentação mais cresceu foram o Equador (3,8%), Honduras (2,2%), São Vicente e Granadinas (2,1%)” e na Colômbia (2%), país onde há mais 1,1 milhões de pessoas a passar fome.

Segundo o documento, na América Latina e Caribe 56,5 milhões de pessoas passaram fome em 2021, 13,2 milhões mais que em 2019, antes da pandemia da covid-19.

Do número total dessas duas regiões, 34 milhões de pessoas vivam na América do Sul, acrescentou.

Dados da FAO dão conta que em 2021, a nível global, 768 milhões de pessoas passaram fome em todo o mundo, um aumento de 24% com relação a 2019, com mais 150 milhões de pessoas a passar fome nos últimos dois anos.

Na América Latina, o número quase duplicou desde 2015, passando de 17,2 milhões para 34 milhões de pessoas.

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