Painel da Economia da Federação do Comércio do Amazonas aponta que setor gerou 380 mil empregos e maior arrecadação de ICMS.

Levantamento da Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM) mostra que, mesmo com o avanço da indústria e com o conjunto de incentivos fiscais mantidos no Polo Industrial de Manaus (PIM), o Comércio e Serviços continua sendo o maior responsável pela arrecadação de ICMS no estado.
De janeiro a outubro de 2025, o setor recolheu R$ 7,4 bilhões, o equivalente a 53,72% de toda a receita do imposto. A indústria aparece na sequência, com R$ 6,4 bilhões, ou 46,28%.
A arrecadação total de ICMS no Amazonas somou R$ 13,8 bilhões, de acordo com dados da SEFAZ-AM compilados pela Fecomércio-AM.

Os números mostram a distribuição do imposto entre os dois principais setores da economia estadual, sem considerar os regimes específicos de tributação aplicados a cada um.
Carga tributária maior no comércio e efeito direto no caixa das empresas
O levantamento também detalha por que o Comércio e Serviços, mesmo com margem menor e maior vulnerabilidade à oscilação de consumo, recolhe mais imposto que a indústria.
O setor é obrigado a pagar ICMS por três vias distintas: importação, substituição tributária e antecipação na entrada de mercadorias.
Na prática, muitas empresas quitam o imposto até 45 dias antes de vender o produto, o que reduz o capital de giro e compromete o poder de compra no atacado.
Essas regras contrastam com o regime aplicado à indústria. De acordo com a Fecomércio-AM, o PIM recolhe ICMS somente após a venda dos produtos, sem agregação no preço final e contando com incentivos que reduzem a cobrança entre 55% e 100%, além do diferimento do imposto na importação.
Ou seja: a indústria paga depois, com descontos; o comércio paga antes, com agregações que podem chegar a 253% sobre o valor da mercadoria.
Essa diferença de tratamento explica por que o comércio, mesmo crescendo apenas 1,59% no ICMS entre 2024 e 2025, permanece como o maior financiador do estado. O fluxo de caixa das empresas do setor é mais pressionado e a contribuição ao ICMS é mais pesada, o que reforça o papel do comércio como amortecedor fiscal da economia amazonense.
O peso dessa arrecadação é ainda mais relevante diante de cenários de crises climáticas pelo qual passou o Estado.
A estiagem histórica dos últimos dois anos elevou o custo de transporte, reduziu o fluxo de mercadorias e encareceu operações logísticas. Ainda assim, o setor manteve a liderança na arrecadação e garantiu a estabilidade das receitas estaduais.


