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Fibra do caroço do açaí é opção ao MDF na fabricação de móveis em Manaus

Móveis feitos a partir da fibra do caroço de açaí são uma alternativa aos fabricados com MDF (Medium Density Fiberboard, que significa placa de fibra de média densidade), diz o pesquisador Antonio Mesquita, professor da UEA (Universidade do Estado do Amazonas).

“Fizemos um estudo completo das fibras do caroço do açaí e desenvolvemos um painel de 50 por 50 centímetros. Criamos o ‘ecopainel’. Então, oferecemos à sociedade um produto sustentável, resistente e ecologicamente correto”, diz Antonio Mesquita, que é doutor em Engenharia de Recursos Naturais da Amazônia.

Cada placa da fibra do açaí é fabricada com 25 quilos de caroços do fruto, que são tirados de sacas de 50 quilos jogadas no lixo. Os caroços são encontrados em feiras e próximos de locais que beneficiam o açaí para transformar em vinho. Cada placa suporta uma pressão de até 100 quilos.

O processo de fabricação envolve a secagem dos caroços em uma estufa e a retirada das fibras em uma máquina. As fibras são colocadas dentro de molde e misturadas com óleo de mamona. Uma vez misturadas, são colocadas em uma prensa a 100 graus Celsius de temperatura para compactar as fibras no formado da placa.

“Ao contrário de uma placa de MDF, feita de corte de árvores e que usa uma resina sintética, o nosso produto está tirando resíduos das ruas, não exige corte de árvores, não contamina o meio ambiente. Portanto, estamos dando um destino nobre e sustentável para os caroços de açaí”, diz Mesquita.

Ainda segundo o pesquisador da UEA, as placas de caroço do açaí podem ser usadas também na fabricação de móveis escolares, canetas, objetos de decoração, material para escritórios e na construção civil.

“O nosso produto é totalmente sustentável e tem uma identidade amazônica. A resina utilizada nos móveis é a resina do óleo de mamona (óleo vegetal), não usamos a resina de ureia-formaldeído que é usada nos painéis de MDF. Enfim, o nosso produto é feito de forma sustentável”, diz.

O material sustentável passou por um processo rigorosos de testes, como ensaios que medem o grau de flexibilidade do painel, a resistência e o uso de parafusos e pregos nas placas.

“O nosso produto está dentro das normas nacionais da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e da normal internacional da Ansi (American National Standards Institute). Ainda é um produto personalizado, exclusivo, resistente e ecológico”, diz o pesquisador.

Nesta semana, Antonio Mesquita viaja para Portugal onde vai expor as placas, canetas e alguns os móveis como mesas de centro feitos com as fibras do açaí.

Os produtos serão apresentados na Web Summit Lisboa 2024, evento internacional que congrega diretores de empresas de tecnologia, startups em rápido crescimento, investidores e pesquisadores. A intenção é atrair investimento e gerar um mercado consumidor para o ecopainel.

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