Decisão foi tomada hoje à tarde, após Mendes atacar o Exército falando que a instituição faz ‘associação com genocidas’
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e os comandantes das três Forças, Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Moretti (Aeronáutica) divulgaram nota de repúdio contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes após sua declaração, no sábado (11), de que os militares se associaram a um genocídio na pandemia do novo coronavirus.
Além disso, o Ministério da Defesa informou que encaminhará representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para adoção de “medidas cabíveis”.
“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”.
A nota assinada por Azevedo e os comandantes de Forças ressaltam que “genocídio” é definido por lei como ‘a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso’ (Lei nº 2.889/1956)”.
“Trata-se de um crime gravíssimo, tanto no âmbito nacional, como na justiça internacional, o que, naturalmente, é de pleno conhecimento de um jurista. Na atual pandemia, as Forças Armadas, incluindo a Marinha, o Exército e a Força Aérea, estão completamente empenhadas justamente em preservar vidas”.
Veja o documento
O que disse Gilmar
Em live promovida pela revista Isto É no sábado (11), Gilmar Mendes disse não ser aceitável o vazio no comando do Ministério da Saúde (Eduardo Pazuello é ministro interino) em meio à pandemia do novo coronavírus e afirmou ainda que, se o objetivo de manter um militar à frente da Pasta é tirar o protagonismo do governo federal na crise, “o Exército está se associando a esse genocídio”.
” Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. Não é razoável para o Brasil. É preciso pôr fim a isso”, disse Mendes, de Portugal, para onde viaja regularmente.