A fumaça e o forte cheiro forte das queimadas continuam a fazer parte do cotidiano dos manauaras, que acordaram neste sábado (4) com dificuldades para respirar o ar, considerado pelas entidades que monitoram o clima como um dos piores do mundo.
Apesar da previsão de céu predominantemente ensolarado a nuvem cinza que paira sobre a capital amazonense esconde o sol e o horizonte do Rio Negro, que banha a cidade.
Como se não bastasse portas e janelas fechadas, a população sofre ainda com a temperatura, que as 9h da manhã, já estava em 30ºC, com sensação térmica de 34ºC. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta a qualidade do ar em 241, considerado crítico numa escala de zero a 200. A máxima prevista é de 34ºC e a mínima de 27ºC. A visibilidade, que ontem (3) estava em 4km, hoje está reduzida a 0,6 km, ventos de 13km/h e umidade de 58%
O projeto World Air Quality Index, que observa a qualidade do ar em todo o mundo, aponta que em Manaus a situação é considerada muito insalubre, entre as piores do mundo. A plataforma adverte que, quando o nível está assim, toda a população tem maior probabilidade de ser afetada.
“Crianças e adultos ativos, e pessoas com doenças respiratórias, como asma, devem evitar todos os esforços ao ar livre”, informa a organização.
O Inmet recomenda o uso de máscara, umidificadores de ar, portas e janelas fechadas e evitar esportes ou exercícios físicos ao ar livre.

A causa desse cenário são as queimadas na Região Metropolitana de Manaus (RMM), no Sul do estado e até de municípios paraenses na região do Baixo Amazonas – Santarém, Oriximiná, Terra Santa e Óbitos.
Os dados de focos de queimada no estado em outubro foram os piores desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou o monitoramento.
Neste ano, o Amazonas registrou 18.680 focos de incêndio até o momento. Só em outubro, foram 3.858 focos de calor, mais que o dobro do que foi registrado no mesmo mês do ano passado.
Em setembro o governo estadual decretou emergência ambiental. Ainda assim, a avaliação da Defensoria Pública do estado é que há inércia por parte do governo. O órgão pediu à Procuradoria-Geral da União (PGR), no mês passado, uma intervenção federal, apontando que a situação atual pode levar a uma nova crise de oxigênio tão grave quanto a registrada em 2021, durante a pandemia de Covid-19.
A seca histórica também castiga os manauaras. O Rio Negro, um dos principais afluentes do Rio Amazonas, teve o nível mais baixo registrado neste ano no Porto de Manaus. Nesta sexta-feira (3), o nível chegou a 13,14 metros – atingiu menos de 12 metros no pico da estiagem, o pior em 121 anos.
Ministra do Meio Ambiente
Em meio a todo essa crise ambiental, perto de completar um ano à frente do Ministério do Meio Ambiente, Marina esteve em Manaus participando do evento climático TEDxAmazônia.
Diante do cenário ela disse que a atual crise ambiental que o Brasil vem enfrentando é uma guerra. Numa roda de bate-papo, a ministra afirmou que os problemas ambientais do Brasil, principalmente da Amazônia, são decorrentes do agravamento do aquecimento global.