
Em pouco mais de um ano, o estado do Amazonas dobrou a sua capacidade de geração própria de energia, alcançando 102,2 megawatts (MW) de potência instalada na última semana — 99,9% vindo de painéis fotovoltaicos –, de acordo com dados da Aneel.
O estado segue o ritmo de adições em todo o país, que também dobraram no último ano. Hoje são 16,9 GW instalados, com liderança do Sudeste (6 GW).
No Amazonas, a geração distribuída (GD) solar está presente em 38 (61,2%) dos municípios, sendo Manaus a cidade com maior volume de potência instalada (92,4 MW), seguida por Iranduba (3,4 MW).
A classe de consumo residencial é a predominante, respondendo por 50,9 MW. Logo atrás vem as conexões de estabelecimentos comerciais, com 41,9 MW.
Guilherme Chrispim, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), avalia que o estado tem grande potencial para crescer em adições, indo além da solar.
“Nos próximos anos, ampliar a diversificação das fontes empregadas em geração distribuída será um dos desafios do setor. Precisamos aproveitar melhor as possibilidades em biomassa e resíduos sólidos urbanos, por exemplo”, afirma Chrispim.
O estado é uma das sete unidades da federação com boa parte da população desconectada do Sistema Interligado Nacional (SIN) — embora a região seja uma grande exportadora de energia para o restante do país.
Desconectados do SIN, cerca de três milhões de brasileiros (não só os amazonenses) precisam utilizar usinas locais, na maioria dos casos termelétricas abastecidas a óleo diesel, mais caras e poluentes.
Quase um milhão de brasileiros que vivem na Amazônia Legal não possuem energia elétrica. A falta de energia atinge diferentes demarcações territoriais: cerca de 19% da população vive em terras indígenas, 22% residem em unidades de conservação e 10% são assentados rurais, mostra levantamento do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
Expansão da GD na região
Lançado em fevereiro de 2020 pelo governo federal, o programa Mais Luz para a Amazônia (MLA) propõe levar energia limpa e renovável a 70 mil famílias que vivem em áreas remotas, com recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
De lá para cá, o mercado vem dando sinais de força.
Em 2021, os estados da Amazônia Legal experimentaram um salto de 169% na quantidade de consumidores com sistemas de micro ou minigeração distribuída. Superou o crescimento nacional de 111%.
Já no ano passado a meta era atender pouco mais de 19 mil comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, com um orçamento R$ 423 milhões da CDE.
A Intelbras é uma das empresas que estão fornecendo os sistemas na Amazônia Legal. As instalações são feitas em parceria com a Energisa e a One Engenharia. No Acre, a empresa conta 1.368 unidades consumidoras atendidas, em mais de 30 comunidades.
Os equipamentos são autônomos e não necessitam de suporte da rede elétrica.
Em Rondônia, a fabricante de baterias Unicoba está atendendo 900 famílias, com um investimento de R$ 45 milhões no MLA.
Finalizada agora em fevereiro, a iniciativa incluiu a implantação de baterias, inversores e painéis fotovoltaicos para garantir acesso à eletricidade mesmo em períodos sem sol.
Nesta etapa, o projeto atendeu 68 comunidades remotas espalhadas em 15 municípios rondonienses, que não tinham acesso à eletricidade ou dependiam de geradores a óleo diesel para ter energia elétrica por apenas algumas horas do dia.
Entre elas está a 2 de Novembro, no município de Machadinho D’Oeste, em Rondônia. O local recebeu a instalação de 284 painéis solares ligados a 71 baterias de lítio fabricadas em Manaus.
O sistema transformou a vida dos pouco mais de 300 habitantes que têm a pesca e a extração de látex como principais atividades e agora conseguem congelar o pescado e ligar um ventilador para espantar moscas e mosquitos, por exemplo.