
Medicamento aplicado em mais de 50 pacientes positivos que internaram, iniciaram o tratamento, tiveram os sintomas controlados e estão em casa.
Em entrevista, neste domingo (29) em frente ao Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro, disse aos jornalistas e seguidores que acompanhava a coletiva de imprensa, que o uso do hidroxicloroquina curou pacientes que tomaram o medicamento receitado por médicos no tratamento do coronavírus, em hospitais que já começaram esse protocolo no Brasil.
“Temos boas notícias, não é minha”, disse Bolsonaro. “Recebi agora uma informação de uma entidade francesa, que chegou através de renomado hospital aqui no Brasil, dizendo que, de 80 pessoas pesquisadas na França, tratadas com esse medicamento (hidroxicloroquina), das mais variadas idades, 78 se curaram, uma faleceu e outra está hospitalizada. É uma excelente notícia. Vários hospitais já estão usando”, disse Bolsonaro.
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A rede do plano de saúde Prevent Senior, em São Paulo, começou, na semana passada, o protocolo de uso da hidroxicloroquina associada à azitromicina para pacientes com a Covid-19. O diretor-executivo do grupo, Pedro Benedito Batista Júnior, revelou que o tratamento teve sucesso em mais de 50 pacientes, em entrevista para o site O Antagonista.
“Pacientes que entraram na terapia e estavam já em entubação apresentaram melhora e alguns já foram extubados. Da mesma maneira, tivemos mais de 50 pacientes positivos que internaram, iniciaram o tratamento, os sintomas foram controlados e agora estão em domicílio”, diz
Batista Júnior explica que a maior parte dos pacientes apresentavam comprometimento de até 25% da capacidade respiratória e, em outros, o dano já era superior (entre 25% e 50%). Além de febre, eles apresentavam dispneia – dificuldade de respirar.
“O problema da Covid-19 é que os primeiros sintomas ocorrem já no pico máximo da inflamação. A gente introduz a hidroxicloroquina para conter essa ‘tempestade inflamatória’ no organismo. O que ela faz? Eleva o pH do meio celular e impede que a membrada do vírus possa se acoplar à membrana da célula saudável e jogar para dentro dela todo o seu RNA, e a partir daí se replicar.”
A azitromicina, segundo o médico, é usada para “frear alguma outra infecção oportunista, estabilizando a imunidade do paciente”. O executivo pondera que os testes ainda estão no início e é cedo para consolidar esse protocolo de tratamento. “Quando eu tiver 1000 pacientes que forem tratados nesse protocolo, aí a gente vai compilar os resultados, fazer uma análise crítica de todos os fatores, com todos os exames de cada pessoa, para poder ter um cenário sólido.”
O médico também alerta para a necessidade de manter o isolamento social, essencial para evitar o aumento do contágio. “O tratamento com a hidroxicloroquina tem se mostrando extremamente animador, mas o que mais tem controlado a entrada de pacientes no hospital é a quarentena. Nesse momento, é fundamental que a gente não tenha uma superlotação, o que poderia comprometer a própria capacidade de tratarmos todos.”
Ele avisa que a população brasileira ainda está se contaminando e não se sabe qual será o cume da curva epidêmica. “Há um furor para se quebrar a quarentena nos próximos 15 dias, o que é muito perigoso.”
Batista Júnior dá como exemplo a exposição de mais de 600 mil idosos na primeira semana de vacinação da gripe comum. “O que aconteceu no dia de ontem? Um aumento de 42% nas internações de idosos que contraíram o vírus na segunda-feira.”
O médico corrobora a informação de que o grupo de maior risco é formado por idosos acima de 80 anos, com alguma comorbidade (hipertensão, diabetes etc), mas também teve de tratar com hidroxicloroquina pacientes jovens e saudáveis, entre 20 e 50 anos.