Especialista do Hospital Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), administrado pela rede Ebserh, alerta sobre os fatores de risco e as medidas de prevenção às síndromes respiratórias que, durante o inverno amazônico, tem enchido os hospitais e os postos de saúde da região com pessoas apresentando sintomas característicos dessas doenças.
O alerta se deve aos últimos dados epidemiológicos divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). De 1º de janeiro de 2024 até sábado (4), 85 pessoas morreram por vírus respiratórios em todo o estado.
O relatório aponta, ainda, que foram notificados, nos primeiros quatro dias de janeiro, 4.413 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 88 notificações nas últimas três semanas de dezembro a janeiro. A faixa etária mais atingida é composta por pessoas com 60 anos ou mais (26,7%). É importante destacar também que os vírus
respiratórios mais identificados em amostras laboratoriais foram: Rinovírus (21,8%), Adenovírus (5,8%), Parainfluenza (3,4%), Coronavírus (1,1%), entre outros.
De acordo com o pneumologista da Unidade de Clínica Médica do HUGV-Ufam/Ebserh, Mário Sérgio Monteiro Fonseca, o inverno amazônico se caracteriza por períodos de chuva prolongados, fazendo com que as pessoas finquem mais aglomeradas e, consequentemente, submetidas a um risco maior de transmissão de doenças virais.
Medidas de prevenção
Fonseca adverte que as medidas para evitar essa transmissão são o uso de máscaras e a higienização das mãos com a lavagem ou o uso de álcool gel. “Também é importante que as vacinas estejam em dia, como gripe e covid-19”, ressalta.
O especialista sinaliza sobre os cuidados com os ambientes internos: “É importante estar atento à proliferação de fungos, como o mofo, realizando boa limpeza dos locais com água sanitária (15 gotas para 1 litro de água), além de realizar a ventilação das áreas, procurando deixar as janelas por mais tempo abertas”.
As indivíduos com sintomas como falta de ar intensa, chiado no peito, secreção nasal espessa (catarro), tosse ou que apresentam quadros febris persistentes, com limitação das atividades diárias, devem procurar ajuda médica.
Poluição ambiental e queimadas
A poluição ambiental e as queimadas, com a consequente formação de fumaça e a presença de componentes voláteis, como monóxido de carbono e metano, são nocivos ao ser humano, conforme explica Mário Sérgio Fonseca. “A névoa de fumaça que vivenciamos, com a intensificação das queimadas sobre Manaus e demais municípios do Amazonas, causa uma reação inflamatória em quem não tem doença nenhuma. Para quem já tem doenças pulmonares, pode desencadear exacerbações, como descompensação no asmático ou no doente pulmonar obstrutivo crônico”, explica.
O especialista afirma que o uso de Vitamina C deve ser moderado, pois todo o excesso é eliminado pelo organismo. “O que ajuda mesmo, em casos de síndromes respiratórias, é a ingestão de líquidos e o consumo de frutas e de vegetais para fortalecer o sistema imunológico”, destaca o profissional.
Grupos vulneráveis
Idosos e crianças, especialmente os pacientes com doenças pulmonares, são mais suscetíveis às síndromes respiratórias. Dessa forma, os cuidados para esses públicos
são basicamente os mesmos: vacinação em dia; uso de máscaras; higienização das mãos; ambiente limpo e arejado, de forma a reduzir a exposição a alérgenos e irritantes; e evitar a exposição à fumaça, desde o fumo passivo à fumaça proveniente de queimadas.
No caso de crianças com dificuldade significativa para respirar e apatia, ou que tiverem sintomas persistentes por mais de uma semana, sem melhora, é indicado o atendimento médico, especialmente se apresentar condição preexistente, como asma.