A pesquisa recebe fomento da Fapeam, por meio do Programa de Apoio à Pesquisa–Universal.

Uma pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) evidenciou que 78% das 170 amostras de carne caça de animais silvestres coletadas em Coari (a 363 quilômetros de Manaus), estavam contaminadas com Mycobacterium leprae, bactéria que dá origem a hanseníase, além de outros patógenos que dão origem a outras doenças como a leishmaniose, doença de Chagas e toxoplasmose.
O estudo intitulado “Carne de Caça e saúde Humana: levantamento e detecção de zoonoses em carnes de caça comercializada na região do médio Rio Solimões”, foi coordenada pela doutora em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva, Waleska Gravena, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Amparada via Programa de Apoio à Pesquisa–Universal Amazonas da Fapeam, edital Nº 006/2019, a pesquisa consta no Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas – Vol.03, organizado pela Fapeam.
O objetivo do estudo foi quantificar o número de animais silvestres mortos para alimentar a população no Médio Solimões e alertar sobre os riscos que esse consumo pode acarretar.
Foram coletadas amostras de tecido muscular de 2 centímetros cúbicos, com ajuda de policiais civis, em feiras e com a população do município.
O estudo verificou a presença das bactérias usando técnicas para analisar o DNA. Para a pesquisadora, o apoio da Fapeam é importantíssimo para a realização de análises de patógenos e das possíveis zoonoses que podem ser adquiridas através do contato com as carnes contaminadas, além da difusão da ciência.
Zoonoses em carnes de caça
Durante a análise das amostras também foram identificadas sinais de contaminação de 68% por Trypanosoma Cruzi (que causa a doença de Chagas), e 30% por Toxoplasma gondii (responsável pela toxoplasmose).

A bactéria que dá origem à hanseníase é transmitida por meio de secreções, e pode sobreviver fora do corpo por tempo variável a depender das condições climáticas.
“Quando o animal é tratado e durante seu armazenamento, os tecidos continuam liberando secreções e podem contaminar as outras carnes, e os utensílios utilizados”, explicou.
Durante a pesquisa, foi possível identificar carne de caça de nove mamíferos: veado, anta, queixada, caititu, paca, cutia, tatu, capivara e peixe-boi.
Dos nove tipos de mamíferos encontrados na pesquisa, três (anta, queixada e peixe-boi) são espécies listadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) como vulneráveis à extinção.
A Pesquisadora faz um alerta à população sobre consumo desses tipos de proteínas e reascende debates sobre a proliferação de doenças transmitidas por animais silvestres para pessoas.
Em 2022, o resultado da pesquisa foi apresentado na VI Semana de Nutição com o tema “(In)Segurança Alimentar no Médio solimões, além de palestra aos discentes do curso de Ciências, Biologia e Química.
Como resultado da pesquisa está sendo preparado um manuscrito para divulgação científica, além da intenção de testar outros patógenos que podem infectar humanos.
Universal Amazonas
O projeto foi desenvolvido com apoio do Programa de Apoio à Pesquisa–Universal Amazonas da Fapeam, edital Nº 006/2019, e continua sendo desenvolvido, agora com o apoio do Programa Universal – FAPEAM 20 anos, edital Nº 001/2023.
O Programa Universal apoia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas.