O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e o prefeito de Manaus, Davi Almeida reagiram a declaração do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alkmin (PSB), sobre a “meta” do governo federal de extinguir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), imposto que garante o principal benefício fiscal da Zona Franca de Manaus (ZFM) às indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM).
“Eu fico me perguntando porque os ‘caras’ tentam o tempo todo fazer isso com a Zona Franca de Manaus. Ou desconhecem a realidade e a importância que ela tem para o desenvolvimento regional, ou fazem isso por pura maldade, para atacar e para destruir o modelo que é um dos mais eficazes de desenvolvimento econômico e social, e proteção da floresta Amazônica”, disse Wilson.
O governador e o prefeito falaram com os jornalistas durante evento para renovar convênio entre a Prefeitura e o Estado que concede passagens gratuitas no transporte público aos estudantes de Manaus.
Em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, Alkmin disse que o governo federal pretende trocar o IPI pelo IVA (Imposto de Valor Agregado). “O tema está bastante discutido, você tem duas PECs no Congresso Nacional, ambas convergindo para a simplificação de impostos. Foi mantida a redução de 35% do IPI, mas a próxima meta é acabar com o IPI”.
Para as indústrias instaladas na ZFM, a extinção do IPI representa o fim de benefícios fiscais, pois, diferente de outras regiões do país, as empresas não pagam o imposto. É isso que as atrai para o PIM.
Ao longo de seu primeiro mandato, principalmente nos últimos dois anos, o governador travou batalha judicial contra decretos que reduziram o IPI para a maioria dos produtos que são fabricados na ZFM.
O governo Bolsonaro alegava que a redução do IPI tratava-se de “política pública de desoneração para estimular a economia nacional”. No fim da briga, 170 produtos fabricados em Manaus ficaram de fora da redução do IPI.
Após a eleição de Lula (PT), Wilson disse que conversou com Alkmin sobre a proteção da ZFM e ouviu dele a promessa de que o Amazonas será consultado antes de qualquer decisão que atinja as empresas do PIM.
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), manifestou apoio “total e irrestrito” ao governador.
“Com relação a ZFM, [quero] hipotecar o total e irrestrito apoio ao posicionamento do governador. [Vamos] buscar o diálogo, caso não encontre no diálogo a solução, vamos buscar ao cumprimento da Constituição, cláusula pétrea que é a manutenção dos incentivos e a competitividade do Polo Industrial de Manaus”, disse David.
A declaração de Alkmin também virou alvo de críticas do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), seu ex-colega de partido. Nas redes sociais, o tucano fez ataques pessoais a Alkmin e disse que o vice-presidente “sempre” foi contra o PIM.
“Conheço bem o alpinista Geraldo Alkmin. Lula que se cuide. O cargo de vice isso ou vice aquilo é maldito. Somente serve para facilitar conspirações contra o governante de fato. Te cuida, Lula! Quem avisa, adversário leal é! Alkmin é o Tartufo, de Molière, que finge tudo e assume todos os aspectos que a hipocrisia lhe exigir”, afirmou Arthur Neto.