Portal Você Online

Imigrantes mortos mostra fracasso de governos, diz ONU

283 imigrantes morreram no ano passado tentando entrar nos Estados Unidos. O número deste ano até agora não foi divulgado.


Oscar Alberto Martínez Ramírez, a mulher Tania Vanessa Ávalos e a filha do casal, Valeria, em fotos retiradas de redes sociais
Foto: Divulgação

A morte de Óscar Ramírez e de sua filha Valéria afogados na beira de um rio na fronteira dos Estados Unidos com o México simboliza a incapacidade de se lidar com o desespero dos imigrantes, declarou a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) nesta quarta-feira, 26, em clara crítica à política americana.

O alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, disse que os imigrantes mortos arriscaram suas vidas porque não conseguiram a proteção a que tinham direito conforme as leis internacionais.


“As mortes de Óscar e Valeria representam um fracasso em lidar com a violência e o desespero que empurram as pessoas a fazer jornadas perigosas pela perspectiva de uma vida em segurança e dignidade”, disse ele em um comunicado.


Amplamente compartilhada nas redes sociais, a foto mostra pai e filha mortos por afogamento às margens do Rio Grande, na divida dos Estados Unidos com o México. A tentativa de travessia se deu quando Óscar descobriu que a ponte internacional que liga os dois países estava fechada.


Foto de pai e filha afogados mostra o drama de quem tenta chegar aos EUA
Foto: Divulgação

No domingo (23), eles decidiu atravessar com a filha pelo rio. Os dois se afogaram diante do olhar da mãe da menina antes de chegarem ao lado americano.


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou o México com a imposição de tarifas de importação de seus produtos como meio de forçar o país a adotar medidas internas de controle da imigração proveniente da América Central.


Segundo advogados americanos especializados em imigração, crianças estão sendo mantidas por semanas sem comida ou higiene adequada em centros de detenção na fronteira americana. Na terça-feira 25, o Congresso americano aprovou um pacote de 4,5 bilhões de dólares para os programas de assistência às famílias da América Central que buscam refúgio nos Estados Unidos.

Passagem mortal

Do escaldante deserto de Sonora até o Rio Grande, a fronteira entre EUA e México de 3.218 km tem sido frequentemente uma passagem mortal entre os pontos de entrada. Um total de 283 mortes de migrantes foram registradas no ano passado. O número deste ano até agora não foi divulgado.

Nas últimas semanas, dois bebês, uma criança e uma mulher foram encontrados mortos pelo calor sufocante; em abril, três crianças e um adulto de Honduras morreram depois que sua balsa virou no Rio Grande; e um menino de 6 anos da Índia foi encontrado morto no início deste mês no Arizona, onde as temperaturas sobem rotineiramente bem acima de 38°C.

As autoridades de imigração e defesa civil de Tamaulipas visitaram os abrigos que começaram a ser criados há algumas semanas para alertar contra a tentativa de atravessar o rio, que estaria muito cheio devido à água liberada das barragens para irrigação. Na superfície, o Rio Grande parece plácido, mas ele é formado por fortes correntezas. “É um rio muito profundo e muito perigoso”, disse Julia Le Duc.


Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *